A Anatomia de uma Confluência Ideológica
O século XXI testemunha um fenômeno peculiar: a convergência de três correntes aparentemente díspares — Comunismo, Globalismo e Islamismo — em uma oposição coordenada aos fundamentos civilizacionais do Ocidente. Essa aliança, mais tática do que filosófica, opera sob um eixo comum: a negação da soberania do indivíduo, a rejeição da tradição judaico-cristã como matriz ética e o repúdio à liberdade intelectual como motor do progresso. Para compreendê-la, é preciso ir além das retóricas superficiais e analisar suas raízes históricas, métodos operacionais e objetivos finais.
1. Comunismo: A Revolução como Destruição da Hierarquia Natural
O comunismo, em sua essência, nunca foi apenas um projeto econômico. Sua ambição, desde Marx, sempre foi antropológica: redefinir a natureza humana através da abolição das estruturas tradicionais (família, propriedade, religião). Seu legado totalitário no século XX — da URSS à China maoísta — demonstra que sua crítica ao Ocidente não se limita ao capitalismo, mas ataca a própria noção de autonomia individual, substituindo-a por um coletivismo coercitivo.
Estratégia atual Sob o manto do "progressismo", adota táticas gramscianas de "guerra cultural", infiltrando instituições educacionais e midiáticas para corroer a noção de mérito, história e identidade nacional. Exemplo: a desconstrução de cânones literários ocidentais em nome de uma "justiça social" que, paradoxalmente, silencia o debate racional.
2. Globalismo: A Utopia da Homogeneização Forçada
Diferente do ideal cosmopolita iluminista, o globalismo contemporâneo é um projeto tecnocrático que busca dissolver fronteiras culturais e políticas em nome de uma governança supranacional. Seus agentes — organismos internacionais, oligopólios tecnológicos e ONGs — operam sob a retórica da "solidariedade global", mas promovem um universalismo vazio, onde valores locais são subjugados a agendas transnacionais.
Paradoxo central: Enquanto prega a diversidade, impõe um relativismo moral que neutraliza as particularidades ocidentais (ex.: crítica ao Estado-nação, erosão da liberdade de expressão sob o pretexto do "discurso de ódio"). A União Europeia, por exemplo, tornou-se laboratório dessa tensão, onde burocratas não eleitos legislam sobre ética e cultura, ignorando a vontade democrática de povos específicos.
3. Islamismo: A Jihad Cultural Contra a Modernidade
O islamismo político — distinto do Islã como fé — é uma força reacionária que rejeita a separação entre religião e Estado, princípio basilar do Ocidente desde a Paz de Westfália (1648). Movimentos como a Irmandade Muçulmana e o jihadismo não combatem apenas políticas externas, mas a própria ideia de secularismo, visto como uma ameaça existencial.
Tática dupla: Enquanto grupos radicais usam violência para intimidar (ex.: ataques a Charlie Hebdo), organizações "moderadas" avançam pela via legal, demandando concessões à sharia em tribunais ocidentais ou censura a críticas ao Islã. O objetivo é claro: criar enclaves culturais imunes aos valores democráticos, como evidenciado nos *no-go zones* europeias.
A Confluência: Táticas Compartilhadas, Objetivos Sincronizados
Essas três correntes, embora conflitantes em certos aspectos (ex.: globalistas secularizados vs. islamistas teocráticos), unem-se em quatro eixos estratégicos.
1. Deslegitimação da História Ocidental: A narrativa de "pecado original" — colonialismo, escravidão, patriarcado — é usada para reduzir séculos de avanço jurídico, científico e artístico a uma caricatura de opressão.
2. Ataque às Instituições Democráticas: Desde o ativismo judicial até a pressão por leis de "discurso de ódio", busca-se restringir o debate público e criminalizar dissidências.
3. Cultivo da Fragmentação Identitária: A promoção de vitimismos concorrentes (raça, gênero, religião) dissolve a coesão social, facilitando o controle por elites ideológicas.
4. Subversão da Família Tradicional: Unidade básica de transmissão cultural, a família é alvo tanto da engenharia social comunista (ex.: ideologia de gênero) quanto do islamismo (ex.: poligamia, supremacia masculina).
Conclusão: Resistir sem Illusions
A tríade antiocidental não é invencível, mas exige uma defesa inteligente. Isso implica:
- Reafirmar sem complexos as conquistas ocidentais: o método científico, o habeas corpus, a liberdade de consciência.
- Rejeitar falsas dicotomias Ser crítico de excessos do globalismo não significa aderir ao isolacionismo; combater o islamismo não é "islamofobia", mas defesa da laicidade.
- Reconstruir a educação: Ensinar às novas gerações que a civilização é um pacto entre mortos, vivos e nascituros — e que sua sobrevivência depende da coragem de pensar contra a corrente.
Como lembrava Roger Scruton: "O preço da liberdade é a vigilância eterna contra aqueles que, em nome do futuro, querem destruir o passado". O Ocidente não será demolido por bombas, mas por aqueles que, dentro de seus muros, esqueceram por que vale a pena defendê-lo.
Pós-escrito: "Quem teme a luz da razão, teme a própria humanidade."
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