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"A Teologia deve aproximar os homens de Deus , se a sua teologia te distanciar reveja seus fundamentos"

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

“FOGO ESTRANHO” NÃO É “FOGO PENTECOSTAL”:
FENÔMENOS ECLESIOLÓGICOS NOCIVOS AO PENTECOSTALISMO CLÁSSICO BRASILEIRO.



Inegavelmente o Movimento Pentecostal é, sem sombra de dúvidas, o maior movimento de avivamento e santidade após a Reforma Protestante. Outros movimentos de grande importância se destacaram ao longo da história do cristianismo, entretanto a maioria dos estudiosos concordam que o Pentecostalismo clássico é, entre todos, o mais revolucionário; como pode ser visto nas palavras do nobre Professor Alderi de Souza Matos, professor de história da igreja no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo, e historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assinala:

O moderno movimento pentecostal é considerado por muitos estudiosos o fenômeno mais revolucionário da história do cristianismo no século 20, e talvez um dos mais marcantes de toda a história da igreja. Em relativamente poucas décadas, as igrejas pentecostais reuniram uma imensa quantidade de pessoas em praticamente todos os continentes, totalizando hoje, segundo cálculos de especialistas, cerca de meio bilhão de adeptos ao redor do mundo. Mais do que isso, o pentecostalismo acarretou mudanças profundas no panorama cristão, rompendo com uma série de padrões que caracterizavam as igrejas protestantes há alguns séculos e propondo reinterpretações muitas vezes bastante radicais da teologia, do culto e da experiência religiosa. (MATOS, 2006, P.24)

Ao longo de sua trajetória o Pentecostalismo passou por diversas transformações, entretanto mostrou-se desde o seu início não ser um movimento passageiro, efêmero e logo, espalhou-se por todo o mundo. Desde os movimentos iniciais como o metodismo de João Wesley na Inglaterra, passando pelos Keswicks, Holiness  e o movimento de restauração da fé apostólica nos EUA, até o Pentecostalismo  clássico das assembleias de Deus no Brasil, o movimento sempre se caracterizou por sua vitalidade na evangelização, com incrível capacidade de penetração nas camadas sociais mais populares, ênfase na oralidade, permitindo aos menos instruídos o acesso à salvação e ao conhecimento da Palavra, proporcionando-lhes a liberdade de ação e culto. A presença do Espírito Santo na vida dos fiéis possibilita um poder esmagador e instantâneo, mediante diversas experiências religiosas. Essa mensagem pentecostal, que ensina uma experiência direta com Deus, através do batismo com o Espírito Santo, uma experiência subsequente a salvação, é o elemento distintivo entre os Pentecostais e os tradicionais.
De acordo com Pommerening (2008) Muitos são os fatores, internos e externos, que contribuíram para a expansão do Pentecostalismo no Brasil, a saber: Fatores externos: a) Ciclo da borracha e migração para SP e RJ; b) Explosão demográfica nas grandes cidades; c) Anomia e ambiente de sofrimentos e buscas; d) Limitação à oralidade em católicos e protestantes tradicionais; e) Falar de Deus e falar a Deus; f) Mentalidade cultural do espiritualismo.
Fatores Internos: a) Êxtase: corporalidade e espiritualidade; b) Triunfalismo Pentecostal; c) Possibilidade imediata do milagre; d) Autoridade Hierárquica; e) Ascese como marco de inclusão social; f) Laicato.
É fato que todos esses fatores facilitaram o crescimento do Pentecostalismo no Brasil, como pode ser constatado na vantajosa expressão pentecostal no cenário evangélico brasileiro. 

No Brasil, a magnitude do pentecostalismo é evidente a todos os observadores. Há muitos anos esse segmento congrega a maioria dos protestantes. De acordo com o Censo de 2000, dos 26,2 milhões de evangélicos brasileiros, 17,7 milhões são pentecostais (67%). (IBGE, censo 2000, Apud MATOS, 2006, p.24)

 Desta forma no Censo de 2000, a escalada de crescimento já era evidente, pois o número de evangélicos já chegava a 26,2 milhões, sendo a maioria de pentecostais. E em 2010, o número de evangélicos quase dobrou, chegando a 42,3 milhões de brasileiros, ou seja, cerca de 22% da população nacional. Nessa perspectiva o crescimento do Pentecostalismo já está tão consolidado que o IBGE[2] passou a classificar o grupo de evangélicos sob duas nomenclaturas: 1) Evangélicos de missão e 2) evangélicos pentecostais.
Todavia, rupturas sempre foram marcas do Pentecostalismo desde sua origem e inúmeras foram às ocorrências que levaram a fragmentação do Pentecostalismo clássico. Entretanto, as recorrentes rupturas não foram suficientes para impedir o crescimento do Pentecostalismo no Brasil e esse fenômeno tem chamado a atenção de pesquisadores como Paul Freston (1994, 1995, Ari Oro (1996), Ricardo Mariano (2004), Daniel Alves (2011), Alves J. (2012), Valdir Pedde (2013), e Marcelo Tadvald (2013, 2015).
O sucesso de crescimento do Pentecostalismo é, em grande parte, atribuído a sua característica principal: Sua popularidade, de tal modo que esse movimento pode ser considerado como um movimento popular, desde sua origem, com forte participação dos pobres e dos socialmente excluídos (OLIVEIRA, 2004, p.27). É interessante notar que esse fato, que caracteriza o Pentecostalismo clássico, originalmente foi alvo das primeiras discórdias entre os grupos de missionários suecos e  americanos, e que nem sempre aparece nas versões oficiais como assinala Pommerening (2008)

A historiografia da Assembleia de Deus omite o fato de que houve certa rivalidade entre missionários suecos e americanos. Suas ênfases eram contrárias em alguns aspectos. Os suecos enfatizavam a discrição, a pobreza, a síndrome de marginalização, o anti-intelectualismo e a não institucionalização, ideias totalmente contrárias aos americanos. Quais ideias prevaleceram? Certamente hoje estão diluídas, porém pontualmente presentes. Pelo fato dos fundadores da Assembleia de Deus terem conhecido o pentecostalismo nos EUA pouco antes de virem ao Brasil, não receberam influência institucionalizadora do movimento, conseguindo assim implantar um pentecostalismo quase autóctone, se adaptando, como em poucos países, aos ditames da cultura local, embora a liderança sempre tenha enfatizado o movimento como contracultural (na questão da ascese). (POMMERENING, 2008, p.9)

Neste sentido, o Pentecostalismo clássico tem sido vítima de críticas infundadas por parte dos intelectuais, que, muitas vezes carente de fundamentação teórica e metodológica adequadas, confundem o Pentecostalismo clássico com os movimentos dissidentes: Deuteropentecostais, neopentecostais e pós-pententecostais, sob a alegação de que a fé assume contornos de exploração psicológica e monetária por parte dos pastores Pentecostais.

DISSIDÊNCIAS DO PENTECOSTALISMO CLÁSSICO
Como já sabemos as rupturas sempre fizeram parte da história do Pentecostalismo. Entretanto o que tornou o movimento Pentecostal clássico suscetível às rupturas foi exatamente sua ortodoxia em relação aos costumes, princípios e valores arraigados pelos fundadores  americanos que sempre primaram por três conceitos fundamentais, a saber: O batismo com o Espírito Santo com as línguas ininteligíveis como evidência inicial, a contemporaneidade dos dons exercidos pelos cristãos e a volta de Jesus como concretização da redenção. Essa ortodoxia em determinadas circunstâncias contribuiu para os movimentos dissidentes, como, por exemplo, o deuteropentecostalismo pautou sua atuação na cura divina, deixando de concentrar seu foco na questão das línguas (glossolalia) por acreditar que as línguas eram uma evidência e não uma exigência.

A história do Pentecostalismo Brasileiro é melhor compreendida quando analisada sob a perspectiva do quadro teórico metodológico apresentado inicialmente por Paul Freston (1993) e retomado  por Ricardo Mariano (2004) e Ari Oro (2005). De acordo com o referencial teórico desses autores o Pentecostalismo Brasileiro começou no início do século XX, em 1910, através de duas igrejas principais: a Congregação Cristã do Brasil, fundada pelo italiano Luigi Francescon em 1910, e a Assembleia de Deus, fundada  pelos suecos Daniel Berg e Gunar Vigrem em 1911. Estas duas igrejas dominaram o campo pentecostal brasileiro nos primeiros 40 anos, com sua ênfase concentrada no Batismo com o Espírito Santo, e receberam tradicionalmente a designação de Pentecostalismo clássico. A partir do Pentecostalismo clássico,  dois novos movimentos distintos vão surgir com filosofias eclesiásticas dissidentes, a saber: O Deuteropentecostalismo e o neopentecostalismo.
O Deuteropentecostalismo Também chamado de 2ª Onda (Freston, 1993) é uma espécie de segundo pentecostalismo surgido no período de 1950-1970, com a chegada de Harold Williams e Raymond Botright, pertencentes à Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular, tendo como berço a cidade de São Paulo. A segunda onda tem sua ênfase na cura e no exorcismo (expulsão de demônios), e é marcada pelo uso das mídias modernas (especialmente o rádio). As Igrejas dessa onda são as surgidas entre as décadas 50 e 60, sendo as três igrejas de maior impulso: Igreja do Evangelho Quadrangular (1951), a única trazida diretamente dos Estados Unidos; Igreja Pentecostal Brasil para Cristo (1955), a primeira cujo fundador é brasileiro; e Igreja Deus é Amor (1962), fundada pelo Pastor David Miranda. Além das Igrejas identificadas, acrescenta-se também a Casa da Bênção ou Igreja do Tabernáculo Evangélico de Jesus – ITEJ (1964).
Na prática da cura divina, com a técnica de imposição de mãos, algumas igrejas desse grupo passaram a adotar práticas de manipulação, hipnose, e transes que levavam as pessoas ao suposto “arrebatamento no Espírito”, “repouso no Espírito” e o “gozo santo”, também conhecidos como “unção de Toronto” o que estimularia uma série de emoções psicossomáticas que, muitas vezes, produzem efeitos imediatos na sensação de que os seus males físicos foram sanados. Essas práticas evidenciaram o distanciamento dos pentecostais clássicos, que nunca concordaram com essas estratégias.
O neopentecostalismo, oriundo do deuteropentecostalismo, também chamado de 3ª onda por Freston(1993) é o grupo que mais se distanciou do Pentecostalismo clássico por conta das aberrações da IURD (trataremos desse caso separadamente), mas as principais igrejas que representam o neopentecostalismo são: a Igreja Nova Vida (1975), a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980), a Igreja Cristo Vive (1986) e a Igreja Sara Nossa Terra (1992), as quais seguem o estilo do televangelismo oriundo dos Estados Unidos (Igreja eletrônica), embora tenha características muito próprias. Essas igrejas se distinguem com um discurso teológico narrativo com forte persuasão financeira. O uso dos meios de comunicação de massa, e, de modo especial, a televisão é de vital importância na sua característica. Organização em forma de empreendimento empresarial, com finalidades lucrativas e forte entendimento do mercado. A relação dos membros com a Igreja assemelha-se a um comércio religioso, no qual os bens simbólicos produzidos são comprados a partir da frequência e do pagamento em campanhas.

O caso da IURD
Dentro do neopentecostalismo a IURD (Igreja Universal do reino de Deus), foi a denominação que mais se distanciou do Pentecostalismo clássico, em termos de práticas doutrinárias e eclesiásticas, combinando elementos divergentes da matriz religiosa brasileira (elementos do culto católico, protestante e espírita), valendo-se de uma hermenêutica relativista e alegórica, passaram a usar a Bíblia como pretexto para promover uma religiosidade sincrética perpassada por práticas de conteúdo ético débil e de caráter mágico-religioso. A IURD abandonou completamente os fundamentos da Teologia Pentecostal clássica que defende categoricamente a Doutrina da Soberania de Deus, passando a promover um discurso que responsabiliza os demônios pelo sofrimento humano e sacraliza o sucesso e a prosperidade como sinais externos da visitação de Deus. Desta forma, a IURD, estrategicamente, passou a propagar um discurso religioso fundado em uma teodiceia[3] dualista, cujo principal pressuposto é a rotineira intervenção do diabo no cotidiano do indivíduo, bem como sua libertação mediada pelos seus bispos e pastores. Nesse cenário maniqueísta de batalha espiritual, o indivíduo é constantemente levado a escolher sob qual território deve estar, “território do bem X território do mal”, pois dessa escolha podem resultar sucesso e prosperidade ou sofrimentos de toda a ordem. Escolher o território do Bem, e efetivar essa decisão com o sacrifício de uma fé possuidora resulta em uma vida próspera e regalada. Na IURD, a prosperidade e a fruição de bens de consumo são condições de uma autêntica fé, cujo discurso converge com o ideário do mercado, fazendo aflorar afinidades eletivas entre eles.
Ainda como agravante, a IURD acabou protagonizando vários escândalos que acabaram por criar a ideia errada de que todo o pastor é ladrão e de que as igrejas neopentecostais não são sérias. Pior: inspirou a formação de novas denominações que, juntas, passaram a designar um novo grupo chamado de “Pseudopentecostais”. As igrejas pertencentes a esses grupos não possuem nenhuma identidade com os grupos históricos e geralmente são “igreja de donos”, igrejas cujo líder é o dono da igreja. São exemplos de denominação deste grupo: “igreja reino dos céus” “igreja do Pastor Sá Sá”, “Igreja HICANTALABASSI”, “Igreja Jesus vem e você fica” entre outras.

Tentativas de nivelamento
Um grande equívoco cometido pelos intelectuais, sobretudo os sociólogos da religião é o de pôr sob a mesma observação de “pentecostalismo” dois fenômenos distintos, a saber: O pentecostalismo clássico, tipificado, no Brasil, pelas Assembleias de Deus e pelo movimento dissidente, denominado “neopentecostalismo”, melhor tipificado pela Igreja Universal do Reino de Deus.
Naturalmente não é uma tarefa fácil classificar as denominações dentro do universo Pentecostal, pois em toda a sua história o Pentecostalismo nunca se apresentou como um grupo homogêneo, sempre exibiu distinções eclesiásticas e doutrinárias como salienta Mariano:
(..) As igrejas pentecostais enquanto instituições em evolução dinâmica (...) não são organizações estáticas que incham numericamente; estão em constante adaptação, e as mudanças são frequentemente objeto de lutas. Ademais, o pentecostalismo possui grande variedade de formas, e cada nova espécie vai enterrando mais alguns mitos a respeito do "pentecostalismo" (Freston, 1993, p. 64)

Neste sentido, algumas tentativas têm sido colocadas em prática; Siepierski(2004) foi o primeiro a propor a nomenclatura de pós-pentecostais: um fenômeno que se seguiu a outro, entretanto com ele não se conecta, pois “neo” se refere a uma manifestação nova. Neste sentido, o Neopentecostalismo não pode ser confundido com o pentecostalismo, pois representa uma inovação (um novo movimento) e não uma renovação. A renovação, até certo ponto, é aceita pelos pentecostais clássicos, já a inovação é sempre rejeitada como pode ser visto no posicionamento oficial presente no site da CGADB (Convenção geral das Assembleias de Deus)

[...] Renovação ou inovação? Embora muito semelhantes na pronúncia, estas palavras revelam-nos profundas divergências no contexto pentecostal. Renovar é mudar para melhor ou melhorar em alguns aspectos, enquanto que inovar é modificar o antigo e introduzir novos costumes, novas práticas e, no nosso caso, novas liturgias e maneiras de adoração no culto a Deus. Inovar, enfim, é querer tornar a igreja diferente, conformando-a, muitas vezes, com o mundo. No meio em que vivemos, presenciamos todos os dias inovações das mais diversas. Algumas, até razoáveis; outras, esquisitas, antibíblicas. [...] Observamos esses fatos, apenas, para lembrar que não precisamos copiar ou importar costumes e métodos para manter a estabilidade que o Espírito Santo nos legou, até aqui. Liturgias humanas passam. Não, porém, a liturgia dos cultos da igreja primitiva. [...] Rejeitemos essas inovações. Devemos expurgá-las do nosso meio! [...] Renovar sim. Inovar não. (Dias, Jean. Elaborador da webmaster da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, 2007. Texto sobre o posicionamento da denominação “Inovações”. Disponível em: http://www.cgadb.com.br/sobreCgadb/posicaoSobre/inovacoes.html acesso em 20/11/2007)

Correntes de sociologia argentina já os denominaram de “iso-pentecostalismo”: algo que parece, mas não é.
Lucidez e coragem teve Washington Franco, em sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Alagoas, quando classificou o fenômeno representado pela IURD de “pseudopentecostalismo”: algo que não é. (Dissertação de mestrado presente em: http://www.repositorio.ufal.br/handle/riufal/2542 aceso em 22/06/2018)  
Um estudo acurado dos tipos ideais, Assembleia de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus, sob uma ótica sociológica  ou uma ótica teológica, nos levará à conclusão de que se trata de duas manifestações religiosas diversas, que não podem — nem devem — ser colocadas sob uma mesma classificação.

A FORÇA DE RESISTÊNCIA DO PENTECOSTALSIMO CLÁSSICO
O que analisamos até aqui foi apenas parte dos dilemas e contradições que permeiam a historiografia do Pentecostalismo Brasileiro que é marcadamente diversionista e contraditório em termos de concepções doutrinárias, teológicas e ideológicas, mas, felizmente, não foi capaz de extinguir o movimento pentecostal clássico. Isso porque a resistência do Pentecostalismo clássico, diante dos movimentos dissidentes, reside fundamentalmente na sua relação com os alicerces do pensamento reformado (justificação pela Fé, salvação pela Graça, ênfase nas escrituras, sacramentos bíblicos) que, na maioria das vezes, são defendidos como pressupostos exclusivos das igrejas históricas tradicionais, quando, na verdade, o Pentecostalismo clássico está ancorado nos princípios da reforma;  porém, não da reforma oficial, mas, sim da reforma radical. Portanto a incompreensão por parte daqueles que não enxergam uma relação do Pentecostalismo clássico com o pensamento reformado está na própria incompreensão da complexidade da Reforma Protestante como assinala Alister Mcgrath:

“O movimento conhecido de modo um tanto vago como ‘Refor­ma’ surgiu de uma determinada matriz complexa e heterogênea de fatores sociais e ideológicos, sendo que estes últimos se encontram associados a per­sonalidades individuais, movimentos intelectuais, escolas de pensamento e universidades, de tal modo que desafiam as generalizações crassas que cons­tituem um número excessivo de interpretações desse fenômeno”. (MCGRATH, 2007. p.183)

Na maioria das vezes, nega-se qualquer relação do Pentecostalismo com a Reforma, porque no Brasil o que predomina são as discussões em torno da reforma oficial, que, de acordo com Bernardo campos (2007), “não foi um movimento dos pobres e camponeses, mas dos nobres e dos príncipes, que influenciaram com sua autoridade para apoiá-la”, ou seja, o cerne da reforma oficial era a questão política da autoridade papal, enquanto o cerne da reforma radical era com a ortodoxia cristã. Nesse sentido, o Pentecostalismo, enquanto movimento popular está mais afinado com a reforma radical (Anabatistas[4]) porque, por exemplo, defende o batismo consciente e por imersão e não por tradição familiar praticado pelos pais na infância, como é comum às igrejas que se originaram na reforma oficial (Luteranos, Presbiterianos e congregacionais).
Assim, o Pentecostalismo clássico desde suas origens tem sua matriz teológica profundamente enraizada na ortodoxia cristã, que foi o verdadeiro sentido da Reforma Protestante como assinala Alderi de Souza Matos:

A reforma tem a ver com a restauração da verdade bíblica, com o resgate das convicções básicas da fé cristã, em suma, com o aspecto teológico, doutrinário. O reavivamento está mais ligado à vida prática, à espiritualidade, à comunhão com Deus, ao aprofundamento da vida cristã. Sem avivamento, a reforma pode tornar-se fria, formal e árida, reduzindo-se a uma mera preocupação com a ortodoxia. Por outro lado, sem reforma, o avivamento pode descambar para o emocionalismo superficial e efêmero, para o individualismo que busca experiências arrebatadoras, mas sem um compromisso profundo com Deus e com a igreja. Os dois fenômenos nem sempre caminham juntos, mas deveriam caminhar. O apóstolo Paulo apresenta a fórmula ideal ao exortar os efésios: “Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo” (Ef 4.15).

Desta forma o Pentecostalismo clássico tem um grande desafio, que é, de se manter firme na sua relação com o pensamento reformado em termos de ortodoxia cristã, não permitindo que os modernos movimentos neo, hiper e pseudo pentecostais, que se distanciaram profundamente das suas origens, se voltem contra os alicerces do Pentecostalismo impondo suas interpretações e estratégia para alterar sua identidade e integridade.

FENÔMENOS ECLESIOLÓGICOS NOCIVOS AO PENTECOSTALISMO CLÁSSICO.
Como vimos, é muito importante que os verdadeiros Pentecostais estejam atentos contra as astutas ciladas dos movimentos “pseudopentecostais”, que inadvertida e inapropriadamente são chamados de Pentecostais, mas que em nada praticam um pentecostalismo original, bíblico, equilibrado e, sobretudo, que mantenha sua relação com a ortodoxia cristã e o pensamento reformado.
Para fins didáticos passo a elencar os “top five” dos fenômenos eclesiológicos que são extremamente nocivos ao Pentecostalismo clássico, a saber:

Ø  Extravagância pseudopentecostal na adoração.
Na Bíblia existem muitas palavras ou vocábulos que expressam aspectos diferentes da adoração, portanto não existe uma forma única de adoração a Deus. Por isso  não posso limitar a adoração como se fosse  apenas uma liturgia. Porém  preciso destacar que todo ato de adoração deve ser feito com decência, com inteligência, com coerência e, sobretudo, com reverência, e por mais que a Bíblia autorize múltiplas formas, isso não significa dizer que é de qualquer maneira.
O que vemos claramente no ensino apostólico é que tudo dever ser feito com ordem e decência (1Co 14.40). Nesse sentido, a palavra mais coerente no Novo Testamento é Pneumatikos” Pneumatikos, que é o vocábulo grego que define a adoração guiada e definida pelo Espírito Santo “adoração espiritual”, mediante a manifestação pública dos  dons  espirituais. Entretanto o que temos testemunhado no cenário “pseudopentecostal” é uma série de aberrações e extravagâncias, em manifestações que só fazem desfigurar e difamar o verdadeiro Pentecostalismo, promovendo o escárnio e a descrença entre os pecadores. Esses tipos de manifestações beiram a loucura e a sandice, por isso no Novo Testamento é classificado pelo vocábulo “Manikos” manicos, de onde vem a palavra manicômio, que descreve uma adoração caracterizada por manifestações bizarras, que distorcem e abusam dos dons  espirituais. Essas aberrações extravagantes figuram no cenário pseudopentecostal com expressões, crenças e comportamentos cúlticos, litúrgicos e até místicos ligados a “novas revelações e experiências de fé” sem qualquer suporte das Escrituras, como muito bem salienta  o  historiador  pentecostal Isael Araújo:

Nos cultos “reteté”, pessoas marcham, pulam, contorcem, caem, riem, berram, ficam rodopiando pra lá e pra cá num verdadeiro reboliço. Geralmente, essa desordenada movimentação se dá enquanto hinos são cantados em ritmos como forró ou axé, com batuques e pandeiros que lembram reuniões do candomblé. Para os crentes do “reteté” só os seus cultos são verdadeiramente pentecostais e têm o mover de Deus. Mas esses cultos ultrapassam os limites da meninice e muitas vezes são pura expressão de carnalidade e falta de temor a Deus. Seus dirigentes são obreiros neófitos que não estimulam o povo a ler mais a Bíblia e ser mais equilibrados. (ARAÚJO, 2008, p. 27)
Assim a estruturação ritual, cúltica e simbólica desenvolvida nos ambientes pseudopentecostais, muitas vezes, beira a maluquice com práticas sincretizadas com as magias dos terreais e das searas espiritualistas, passando pela via mística e esotérica.
Portanto a melhor forma de confrontarmos essas extravagâncias e preservarmos o pentecostalismo clássico é com o ensino eficaz, sistemático e constante das escrituras, pois só com o genuíno ensino bíblico e obdiência a Palavra de Deus não cederemos a tentação dos descaminhos do pseudopentecostalismo.

Ø  Mercantilismo esotérico pseudopentecostal
Quando o avivamento pentecostal chegou ao Brasil, os pioneiros pentecostais confrontaram todos os elementos mágicos da religiosidade brasileira (patuás, amuletos, benzeções, guias, rezas, feitiços…) pregando a substituição de todos eles pelo poder único e exclusivo do nome de Jesus. Após, passados 100 anos os descaminhos do pseudopentecostalismo parecem não reconhecer esse magnífico feito, pois no cenário evangélico é cada vez mais recorrente a prática do esoterismo gospel, com a mercantilização de amuletos e apetrechos mágicos vendidos em nome da fé, tornando o cenário desolador e preocupante como assinala o saudoso Bispo anglicano Robson Cavalcanti:
A crise da modernidade tem feito a igreja voltar a pré-modernidade: ao dogmatismo e ao misticismo, ao mundo mágico-mítico medieval. Com um ‘Cristo’ débil, demônios fortes e anjos importantes. A teologia da prosperidade, a teologia do domínio (reconstrucionismo), a batalha espiritual, com seus ‘demônios territoriais’ (geopolítica infernal) e suas ‘maldições hereditárias’, nos enchem de justificadas preocupações.  (CAVALCANTI, 2000, p.18)

Nesta perspectiva, os pseudopentecostais praticam a simonia, pois "comercializam" as bênçãos do Senhor, travestidos em objetos sagrados.  Para piorar a situação, sua soteriologia é pelagiana, sua pneumatologia manipuladora, e sua fé maniqueísta.  
Ser pentecostal não significa ser esotérico, portanto precisamos voltar aos cultos de ensino centrado nas escrituras e condenar peremptoriamente os modismos pseudopentecostais que deliberadamente utilizam o mercantilismo esotérico para comercializarem elementos mágicos como: galhinhos de arruda, sal grosso, água ungida e amuletos diversos, o que, na verdade, se constitui um retrocesso ao misticismo medieval, uma afronta ao ensino bíblico e um vilipêndio a Doutrina da Graça.

Ø  Desprezo à autoridade da Bíblia
Nos ambientes pseudopentecostais é muito comum as “doutrinas” serem fundamentas nas experiências pessoais dos “superespirituais” e não na Palavra de Deus, ou seja, as experiências são impostas como autoridade espiritual legitimadora do comportamento que deve ser aceito e reproduzido por modelagem como, por exemplo, unção do riso, da imitação de animais, de cair no espírito, danças, movimentos  etc. Não há base bíblica, nem teológica para tais comportamentos, mas os fiéis, observando os superespirituais, reproduzem o comportamento por modelagem. Nesses ambientes, os textos bíblicos são esvaziados do seu contexto histórico-gramatical, passando a ser utilizados apenas de forma alegorizada. O descrédito em relação à Escritura é tão grande que, em alguns ambientes, a Bíblia passa a ser utilizada como um livro de autoajuda ou um manual de coaching. Desta forma a autoridade da Bíblia não é apenas desprezada, mas também manipulada como salienta o teólogo Pentecostal César Moisés:
Para que a Bíblia seja utilizada dessa forma, ela é submetida ao pior tipo de expediente manipulativo que se possa imaginar – a chamada eisegese. O processo é mais ou menos como um engessamento, pois o pretenso orador se aproxima do texto, com os seus pressupostos, e empresta uma conotação não pretendida pelo hagiógrafo para que a mensagem venha coadunar com suas invencionices. (MOISÉS, 2017, P 68)


O Pentecostalismo clássico não abre mão da supremacia das escrituras porque sabe que a experiência pessoal nunca é base para formar doutrinas, somente a Palavra de Deus é a nossa regra de Fé e prática, ou seja, apoiados no pensamento reformado “sola scriptura” o Pentecostalismo clássico defende que só a Escritura é o referencial absoluto de aferição de todas as realizações da vida e da salvação, sendo ela a própria Palavra de Deus.

Ø  Liderança Monocrática, inquestionável e indissolúvel.
Parafraseando a advertência de Jesus em Mt 7.21-23: Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor é digno de ser reconhecido como um servo submisso ao Senhorio de Cristo”. Infelizmente no meio pseudopentecostal prevalece um modelo de liderança personalista, exclusivista, defeituosa, e completamente anômala ao modelo cristão, pois a  liderança  eclesiástica só pode ser desenvolvida a partir do modelo de Cristo. Afinal de contas o modelo da Igreja de Cristo, sobretudo a dinâmica de relacionamento entre Cristo e os seus liderados é a grande referência da Igreja.
Então, quando a  liderança  eclesiástica é desenvolvida a partir do modelo Cristocêntrico, está consequentemente preservando a integridade da missão de Cristo. Neste caso, “integridade” significa que não existe uma dicotomia entre a liderança de Cristo e a liderança eclesiástica. “A igreja pertence a Jesus e ele é o modelo para sua ação e missão. Quando a Igreja não se identifica com Cristo e sua Missão, sua práxis será deformada e desfigurada” (BARROS, 2000, p.13).
Hoje é muito comum encontrarmos igrejas, porque não dizer  denominações, que NÃO são igrejas, na verdade, são “propriedades de donos” onde o modelo de liderança adotado é corporativo, empresarial, onde prevalece a política dos resultados econômicos, dos números, das estruturas estáticas e do “status quo”. Nesses lugares, o modelo Cristocêntrico ou Cristológico fica em segundo plano.
Neste sentido, Segundo Barros (2000), só existe Liderança Apostólica (Liderança Eclesiástica) porque existiram Atos de Cristo (Liderança Cristã). Assim, quando essas inversões ocorrem, corremos os seguintes riscos:
ü  Institucionalização: É o risco de fazer a igreja o centro de todas as coisas, o centro das atenções, do poder, da competição, da Glória.
ü  Culto ao Personagem: É o risco de fazer o Líder o centro das atenções, do poder, da autoglorificação, da influência.
ü  Ministério de Manutenção: É o risco de desenvolver um ministério voltado para a manutenção do status quo do líder ou da instituição. São ministérios onde não existe espaço para o profetismo, mas sim para o messianismo.
Quando isso ocorre, a igreja deixa de ser igreja, ela é qualquer coisa, menos igreja.  Em qualquer estrutura de liderança evangélica séria, em qualquer denominação, independente se é reformada ou não, um líder com dez por cento (10%) das distorções teológicas praticadas por patriarcas, apóstolos, bispos e pastores dos movimentos pseudopentecostais, já terá caído.

Ø  Liberalismo Teológico.
Atrás de toda a ciranda de práticas sincréticas do pseudopentecostalismo está escondido o liberalismo teológico, movimento de caráter iluminista, que avançou na Europa e nos Estados Unidos nos Séculos XIX e XX, promovendo esfriamento e matando igrejas, principalmente históricas.
O liberalismo teológico é a grande matriz da descrença na Bíblia como palavra de Deus. Os liberais sempre negaram o sobrenatural, chamando de “mito”, “lenda” ou “fábulas” o registro de acontecimentos históricos, milagrosos ou extraordinários, que, para eles, são apenas explicações ou projeções das pessoas na tentativa de descrever suas experiências ou entender a Deus. O liberalismo teológico se valeu das teorias críticas para defender que o Antigo Testamento (escrituras judaicas) fora editado com fins políticos, muito depois de serem escritos, com interesse dos judeus de interpretarem e forjarem sua própria História.  Foi o liberalismo teológico que disseminou nos cursos de humanas a ideia de que Adão e Eva não foram pessoas reais, mas sim figuras lendárias, narradas pelo judaísmo, para representar o homem no estado primitivo, vivendo nu como caçadores e coletores. Enfim, o liberalismo teológico é o grande responsável pelo esvaziamento e pela alegorização das Escrituras que tanto inspiram a criatividade dos pseudopentecostais nas distorções de suas práticas litúrgicas; como assinala o nobre teólogo Douglas Roberto Batista:
Um novo tipo de liturgia vem  sendo ensinada ao povo evangélico  brasileiro. Com grande apelo para a prosperidade e a conquista fácil de objetos, muitos cristãos têm sido arrastados para a prática de uma liturgia estranha. São latentes as práticas ritualísticas que, na verdade, não passam de “simpatias” para se obter determinado tipo de benção ou proteção divina. Nesses costumes enquadram-se a água “ungida” sob o rádio ou a televisão para curar as doenças; cordões para “amarrar a satanás”, e outros tipos de talismã que servem de verdadeiras muletas para os deficientes na Fé. Em algumas igrejas, músicas e danças judaicas foram inseridas em um retorno insensato às práticas judaizantes. Melodias e ritmos estranhos foram inseridos nos cultos. Procuram-se introduzir coreografias sensuais e expressões corporais de cunho duvidoso durante a ministração do louvor. Em algumas igrejas imprimem em seus cultos elevada dose de emocionalismo falsificado de pentecostalismo. Em tais lugares, o espaço é ocupado pelo louvor pessoal, músicas de origem mundana e letras de conteúdos suspeitos, modismos neopentecostais, ostentação de espiritualidade duvidosa e ministração de mensagens de autoajuda de exegese indefensável em detrimento do genuíno Evangelho do Senhor Jesus Cristo. (BATISTA, Douglas R. Liturgia cristã bíblica. Revista Obreiro aprovado. Rio de Janeiro, Nº59, p.28, 2012)

Podemos dizer que o liberalismo teológico é o grande mentor daquilo que o teólogo Augusto Nicodemos (2011) tem chamado de “ateísmo cristão”, a ponto de um líder de expressão mundial do movimento pseudopentecostal (O Bispo Edir Macedo) vir a público para negar os postulados da Fé cristã ao defender condutas de morte que atentam para a santidade da vida (defesa do aborto) como pode ser visto nas redes sociais disponível em: < https://www.facebook.com/1291906547534145/videos/edir-macedo-declara-ser-a/1302237279834405/ acesso em 07/07/2018 e em campanha publicitária da emissora oficial da Universal do Reino de Deus disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=pSWMLtTzbnA> acesso em 07/07/2018.
Mas, infelizmente, nem sempre isso é perceptível ao senso comum, como muito bem salienta o teólogo Pentecostal Alex Esteves:
Como existem diferentes matizes dentro do liberalismo, nem sempre se acharão num liberal todos os indícios correspondentes a essa perspectiva teológica, mas, uma vez diagnosticado, o liberalismo pode ser debitado, sem favor, à conta da incredulidade. É como se o liberalismo teológico fosse a religião cristã sem Cristo. (ESTEVES, disponível em: < https://artigos.gospelprime.com.br/aprenda-a-identificar-um-teologo-liberal/ > acesso em 07/07/2018)

Assim o problema que, no final do século XIX, era de ordem teológica (Liberais X Conservadores), após um século de aprofundamento, no início do século XXI, tornou-se de ordem moral (Valores Éticos X Pragmatismo), agora o que prevalece é a religião de resultados, onde os fins justificam os meios, por isso tantos escândalos e invencionices bizarras que nada tem a ver com o genuíno conteúdo do Evangelho. Pior: atualmente, esse não é um problema restrito aos ambientes pseudopentecostais, pois o liberalismo teológico tem penetrado sutilmente nas igrejas históricas e pentecostais clássicas através da educação teológica oferecida para os  candidatos ao ministério, como destaca o nobre teólogo Pentecostal Alex Esteves:
Alguns, privilegiando cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação – o que, diga-se, não é necessário para a formação confessional -, acabam reféns de disciplinas conduzidas por professores ateus, céticos, incrédulos, que vivem a provocar e confundir as mentes de alunos indefesos. Outra face do problema é a seguinte: professores liberais formam pastores que, sem o devido discernimento, poderão reproduzir no púlpito as heresias que ouviram no banco do seminário ou faculdade, e o farão sem necessariamente entender que se trata de teologia liberal.
O liberalismo teológico é, pois, uma ameaça real, não um tema de interesse exclusivamente acadêmico. Há o risco concreto de que, sem o saber, igrejas históricas e pentecostais históricas entreguem a professores liberais a orientação teológica de candidatos ao pastorado, ou de que membros dessas igrejas, interessados em aprimorar seus conhecimentos bíblicos, acabem preenchendo as fileiras daqueles que irão receber orientação teológica fundamentada na falta de fé.
Cristãos conservadores conscientes dessa realidade podem sobreviver a mestres liberais, mas aqueles que não forem devidamente alertados poderão ficar confusos, enfraquecidos espiritualmente ou mesmo se deixar seduzir pelo canto da sereia de uma intelectualidade crítica aos fundamentos do credo histórico. (ESTEVES, disponível em: < https://artigos.gospelprime.com.br/aprenda-a-identificar-um-teólogo-liberal/ > acesso em 07/07/2018)

Portanto pseudopentecostais e teólogos liberais têm mais  a ver do que muita gente imagina, pois para ambos os grupos a Bíblia é um mero pretexto para exploração da Fé alheia em seus ambientes de manipulação e negação da autêntica Fé Cristã. Enquanto o pseudopentecostalismo ensina a ter fé na própria Fé, o liberalismo teológico ensina a ter Fé, mas não sabe em quem.  Cabe-nos aqui reafirmar a advertência de Jesus em MT 24.4 “Acautelai-vos, que NINGUÉM vos engane”, [destaque meu].












Referência Bibliográfica
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ALVES, Daniel. Conectados pelo Espírito: Redes Pessoais de Contato e Influência entre Líderes Carismáticos e Pentecostais ao Sul da América Latina. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, 2011.
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TADVALD, Marcelo. Veredas do Sagrado: Brasil e Argentina no Contexto da Transnacionalização Religiosa. Cirkula: Porto Alegre, 2015, pp. 367.






[2] Fonte: Censo demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/ caracteristicas_religiao_deficiencia.pdf>. Acesso em: 09/07/2018. Nota: Evangélica de missão: luterana, presbiteriana, metodista, batista, congregacional, adventista e outras evangélicas de missão; Evangélica pentecostal: Assembleia de Deus, Congregação Cristã, O Brasil para Cristo, Evangelho Quadrangular, Universal do Reino de Deus, Casa de Benção, Deus é Amor, Maranata, Nova Vida, Comunidade Evangélica, evangélica renovada não determinada e outras evangélicas de origem pentecostal; e Evangélica não determinada: outros grupos evangélicos.

[3] Doutrina sobre a justiça de Deus. Parte da filosofia que trata da justiça de Deus. Conhecimento de Deus fundado na razão humana. Presente em https://dicionariodoaurelio.com/teodiceia acesso em 04/07/2018

[4] Os anabatistas eram os mais influentes dos reformadores radicais. Eles se espalharam por toda a Europa e ficaram conhecidos como Menonitas. Eles foram assim chamados porque os convertidos eram baptizados apenas na idade adulta, por isso, eles re-baptizavam todos os seus prosélitos que já tivessem sido baptizados quando crianças, pois creem que o verdadeiro batismo só tem valor quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo. Desta forma os anabatistas desconsideravam tanto o batismo católico quanto o batismo dos protestantes luteranos, 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

SUPERANDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Falar em público é uma tarefa necessária a todos que desejam trabalhar com a comunicação. Neste sentido todo cristão vai em algum momento encarar esse desafio, na sociedade ou no ambiente eclesiástico.  Mesmo assim, alguns evangélicos entram em pânico só de pensar em discursar diante de uma plateia, ainda que pequena.
Essa dificuldade é decorrente de um profundo condicionamento que foi vivenciado durante todo o ensino fundamental e médio, visto que nestes ciclos a absorção do conhecimento se dava de forma passiva e mecânica, quando  na verdade deveria ocorrer de forma ativa e dinâmica.
A educação Bancária, aquela onde o aluno senta e ouve passivamente, como se fosse um receptáculo onde será depositado todos os conteúdos, inibe e impede que os alunos desenvolvam habilidades para o exercício da comunicação em público.
Assim, para superar esse condicionamento é necessário muito esforço, atenção e prática para superar o medo de falar em público. Atualmente existem até cursos que oferecem a preparação com garantia veja aqui https://go.hotmart.com/F5128308Y
A seguir apresento sete conselhos para quem quer perder o medo e melhorar suas técnicas para falar em público. A saber:
1.      Foque na satisfação, não na vergonha.
Falar em público pode ser intimidador, mas também é uma oportunidade de dividir uma mensagem pela qual você se interessa muito com outras pessoas ( no caso da igreja  – O Evangelho) o que pode ser muito prazeroso. Essa mudança de mentalidade pode fazer maravilhas para acalmar os nervos e melhorar a autoconfiança.
2.      Domine muito bem o conteúdo que vai apresentar.
O nervosismo está profundamente ligado a insegurança sobre o que você vai falar, se dominar o conteúdo com eficiência, terá resolvido 50% das dificuldades. Antes de se apresentar em público, não apenas prepara o que e como vai dizer, mas também tenta prever possíveis perguntas que a plateia faria e elabore as respostas. Enquanto está praticando, você não está decorando as palavras, mas sim dominando a linha de raciocínio, fluência e mensagem chave de cada assunto. “Acima de tudo, lembre-se de que menos é mais quando o assunto é falar em público. Eu acredito que a média de atenção da plateia é de cerca de 30 minutos.”
3.      Tenha empatia com a plateia
Antes de preparar o que vai dizer, pesquise sobre o lugar e a plateia, você não quer aparecer com uma apresentação de PowerPoint em uma sala sem o aparato necessário para mostrá-la, não é mesmo? Quanto mais você sabe sobre o ambiente no qual vai se apresentar e a plateia que o espera, mais chances vai ter de apresentar uma mensagem relevante.
4.      Cuide da aparência
Escolha roupas e penteados apropriados para a ocasião, seja coerente. O objetivo é mostrar uma imagem que transmita autoconfiança. Se possível, separe a roupa com antecedência para que tudo esteja pronto no momento em que se apresentar em público .
5.      Seja pontual
Esteja no local com antecedência para examinar o ambiente e gastar alguns minutos observando a plateia, para entender por que eles estão ali e o que esperam da apresentação. Fazer essa aproximação irá ajudar a falar com as pessoas, e não para elas. Depois, passe mais alguns minutos sozinho para checar a aparência, respirar fundo algumas vezes e tirar da mente todas as distrações que possam atrapalhar.
6.      Enriqueça o conteúdo com ilustrações e aplicações
É muito importante ilustrar com pequenas histórias, experiências ou acontecimentos para facilitar o entendimento. O uso de ilustrações e aplicações facilitam o entendimento de doutos e leigos. Também é importante oferecer uma pequena pausa, esse artificio para regularizar a respiração e organizar seus pensamentos, o que a ajuda a se acalmar. Isso também mantém a atenção do público.

7. Tenha sempre um plano "b", espere o inesperado.
Não importa o quanto você se prepare, inevitavelmente irá perder a linha de pensamento em algum momento ou deixar passar algum fato ou estatística durante a sua apresentação. O mais importante é manter a compostura e confiança. Por exemplo, você pode se preparar para falar para um grupo de jovens em início de carreira e se deparar na verdade com um público de homens, a maioria aposentados, com idade mínima de 75 anos. Quando o inesperado acontecer, tido o que você tem a fazer é sorrir e seguir em frente. Como parte de sua preparação, pense em vários “e se?” que poderiam te tirar do foco para ter um plano em mãos para cada um deles.

sábado, 12 de novembro de 2016

Por uma Teologia pacifista





Por uma Teologia pacifista
Sonho com um mundo onde as diferenças não mais existirão, será possível?
As Teorias Geopolíticas partem de duas concepções filosóficas, a saber: uma idealista e a outra Realista.
A concepção idealista acredita na diplomacia e no diálogo como caminho da Paz.
A concepção realista acredita, paradoxalmente, na Guerra como caminho para paz.
Em ambas às concepções, a Paz é um construção que depende de como queremos construir. Se de fato queremos um mundo de Paz, temos que construí lo com gestos e atos de bondade gerados ordinariamente na simplicidade da vida.

É preciso uma recusa permanente da intolerância, pois definitivamente o Cristianismo não é uma Fé belicosa, como insinua insistentemente a GRANDE MÍDIA . O cristianismo é a fé da fraternidade, da solidariedade, da tolerância, do apreço, do achego, do respeito, da vida e não da morte. simplesmente porque a VIDA(Jo 14.6) venceu a morte.

Desde a origem do Cristianismo, comunidades e instituições cristãs são vocacionadas a dar continuidade a ação evangelizadora iniciada por Jesus de Nazaré, o Messias (Cristo) de nossa fé, em meio aos conflitos humanos e sociais do tempo presente.

A missão que Jesus assume consiste em realizar (tornar real, histórico), o Reino de Deus, isto é, reino em que a justiça e a paz caminham juntas pelas cidades e pelos campos, pois o Deus da Vida é o Senhor. Jesus, no Evangelho de João, diz uma frase programática (que sintetiza muito bem o programa de sua missão): “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10).

É necessário que condutas de morte sejam corrigidas no Caminho e banidas da caminhada da vida. Minha consciência pessoal, tocada pelo convencimento Bíblico-Teológico é que para os que possuem o privilégio de terem uma vocação e um rebanho para cuidar, um grupo para influenciar, o nosso trabalho é: Caminhar apresentando o Cristo e os valores e princípios do Reino, pois o Evangelho todo, toca a todo homem e o homem todo, em todos os lugares, na sua integralidade e dignidade.
Por isso sonho com o dia em que as DIFERENÇAS, não mais existirão, pois o AMOR em nosso meio será tão INTENSO e imenso que as DIFERENÇAS não farão mais diferença e sim a presença D'ELE que é AMOR hoje e sempre.
Nesse dia ELE será reconhecido como o príncipe da paz! E quando enfim chegar esse dia pela sua imensa GRAÇA lá estarei. —  

A pedagogia do Amor






Certa vez C.S.Lewis disse que: "Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, você não deve entregá-lo a ninguém, nem mesmo a um ANIMAL [...] O único lugar, além do céu, onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e perturbações do amor é o inferno." Como eu não sou do inferno, prefiro correr o risco de sofrer, mesmo que seja por AMOR a um bichinho de estimação.

sábado, 27 de junho de 2015

SONHO COM O DIA EM QUE AS DIFERENÇAS NÃO MAIS EXISTIRÃO



Em duas semanas fomos confrontados com três notícias que tiveram muita repercussão nas mídias: a encenação da crucificação de Jesus na Parada Gay, em São Paulo, por uma transexual, o apedrejamento de uma menina fiel do Candomblé, na saída de um culto no Rio de Janeiro, por dois homens identificados como evangélicos, o assassinato de nove pessoas que participavam de reunião de oração na Igreja Metodista Africana, da cidade de Charleston (EUA) por um jovem defensor da supremacia racial branca. O que estes casos têm em comum? São claras expressões de intolerância – um elemento cada vez mais presente nos diferentes espaços sociais nos quais estamos inseridos.

É preciso uma recusa permanente da intolerância, pois definitivamente o Cristianismo não é uma Fé belicosa, como insinua insistentemente a GRANDE MÍDIA . O cristianismo é a fé da fraternidade, da solidariedade, da tolerância, do apreço, do achego, do respeito, da vida e não da morte. simplesmente porque a VIDA(Jo 14.6) venceu a morte.
Desde a origem do Cristianismo, comunidades e instituições cristãs são vocacionadas a dar continuidade a ação evangelizadora iniciada por Jesus de Nazaré, o Messias (Cristo) de nossa fé, em meio aos conflitos humanos e sociais do tempo presente.

A missão que Jesus assume consiste em realizar (tornar real, histórico), o Reino de Deus, isto é, reino em que a justiça e a paz caminham juntas pelas cidades e pelos campos, pois o Deus da Vida é o Senhor. Jesus, no Evangelho de João, diz uma frase programática (que sintetiza muito bem o programa de sua missão): “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10).

É necessário que condutas de morte sejam corrigidas no Caminho e banidas da caminhada da vida. Minha consciência pessoal, tocada pelo convencimento Bíblico-Teológico é que para os que possuem o privilégio de terem uma vocação e um rebanho para cuidar, um grupo para influenciar, o nosso trabalho é: Caminhar apresentando o Cristo e os valores e princípios do Reino, pois o Evangelho todo, toca a todo homem e o homem todo, em todos os lugares, na sua integralidade e dignidade.

Por isso sonho com o dia em que as DIFERENÇAS, não mais existirão, pois o AMOR em nosso meio será tão INTENSO e imenso que as DIFERENÇAS não farão mais diferença e sim a presença D'ELE que é AMOR hoje e sempre.

Nesse dia ELE será reconhecido como o príncipe da paz! E quando enfim chegar esse dia pela sua imensa GRAÇA lá estarei.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O NOVO HOMEM, O HOMEM NOVO, O HOMEM DE SEMPRE!






O Novo Homem, o Homem novo, o Homem de sempre!
O homem novo é o homem moderno: culto, polido, ilustrado, tecnológico, versátil, polivalente, inteligente, mas apesar de tudo, continua sendo o homem; o mesmo homem de sempre: caído, decaído, limitado, efêmero, falível, sofredor, mortal, pecador.
Desta forma, mesmo que o homem moderno tenha alcançado níveis extraordinários de desenvolvimento, sua realidade espiritual permanece inalterada. Tal como Jesus denunciou no seu santo evangelho: “Ninguém deita remendo de pano novo, em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste e faz-se maior a rotura” (Mt 9:16). A palavra grega usada por Jesus para remendo foi “Agnaphos”, indicando um tipo de tecido inacabado, de algodão e fibras ainda desalinhadas. A Nova Aliança era o tecido inacabado, porque Jesus ainda seria morto e ressuscitaria para cumprir definitivamente o plano salvífico. Ou seja, a proposta que Jesus apresenta nada tem a ver com o velho e desgastado tecido religioso, forjado na bigorna da religiosidade estéril dos fariseus. A proposta de Jesus era o verbo encarnado, Deus humanizado, contrária à dos fariseus, que eram homens divinizados. Seria impossível seguir Jesus e continuar servindo ao antigo sistema de obras e tradições.
 Jesus fez esta denuncia porque havia se deparado com fariseus e escribas criticando seu modo de viver: “ Por que come vosso mestre com os publicanos e pecadores? (Mt 9:11). A preocupação dos fariseus não era com o que Jesus representava, mas com o que ele aparentava. Os fariseus estavam preocupados com o velho sistema de tradições imposto pelas ingerências de uma religião legalista e cristalizadas.
O tecido novo que Jesus propõe é Ele mesmo, a Nova Aliança da graça. E a roupa velha, era a lei com todo o sistema religioso que dominava os fariseus, escribas e religiosos da época que não compreendiam os requisitos para o Novo Reino: arrependimento, perdão, novo nascimento.
Isso posto, afirmo, sem titubeio, que homem moderno é o homem de sempre. O velho homem, de vestes velhas: É vaidoso, ignorante, duro de coração, separado de Deus, enganado quanto a si mesmo, voltado para imoralidade e sem sentimento.
Desta forma, percebemos  que a crise dos fariseus é a crise do homem moderno, preocupa-se mais com aparência do que com sua carência; mais  com o exterior do que com o interior; mais com sua beleza do que com sua natureza. Segue, de tal modo, sem entender que remendos são soluções provisórias para problemas permanentes.
Estabelecendo comparações entre antiga e nova aliança, veste velha e remendo novo, Jesus denunciou a triste realidade humana e apontou uma maravilhosa solução: um futuro em que os corações dos homens seriam comparados a vestes novas, brancas, completas, sem remendos. Uma transformação possível através da fé e não de tradições. Do amor, e não da religião. Da graça que se cumpre com a ação do Espírito santo em nós, pecadores como Saulo, um homem novo, que se fez Paulo, um Novo Homem.
O Homem moderno, apesar de tudo, permanece com sua velha natureza, acostumado com o pecado, já não liga mais para o que Deus pensa sobre ele. Permanece perdido, cercado de objetos facilitadores da vida que surgem como remendos de muitas cores e tamanhos: “idas aos templos, vida religiosa rigorosa, evangelho vivido de forma emocional, superficial, mas nada de transformação, de rasgar as antigas vestes e vestir as novas para ser revestido do Novo de Deus”.
Que os homens modernos, homens novos, sejam transformado em Novos Homens nascidos da água e do espírito (Jo 3.5).
E que Deus tenha misericórdia de nós, de todos nós.
Pr Jesiel Cruz