O evangelho de Jesus Cristo é
simples. Simples na forma e simples no conteúdo. Assim o Evangelho
da simplicidade é uma expressão de Louvor, é simplesmente um redirecionamento à
simplicidade de Cristo (2 Co 11:3) que nasceu, cresceu, viveu e morreu num cenário simples. Neste cenário Ele
anunciou, de forma muito simples através de palavras, exemplos e ações, as boas
novas do reino de Deus. Convidou pessoas para estarem e aprenderem com ele.
Sofreu as incompreensões do sistema religioso e político do seu tempo. Morreu e
ressuscitou; Após a ressurreição, continuou seu projeto de
simplicidade enviando seus discípulos para anunciarem, tal como Ele, as boas
novas, levando homens e mulheres a guardarem tudo o que ele ensinou, integrando-os
numa comunidade trinitária por meio do batismo, e prometeu estar com eles todos
os dias, até o fim.
Porém, os cristãos foram se multiplicando, organizando igrejas, criando
instituições, formas e ritos e o evangelho da simplicidade foi dando lugar ao
evangelho da complexidade e o que era confessional tornou-se intelectual, o que
era simples tornou-se complexo, ou seja, a simplicidade do evangelho foi substituída pela sofisticação e complexidade
institucional.
Aí passamos a justificar a sofisticação com
expressões como “busca por excelência”, “relevância”, “qualidade”. Parece justo. O
problema é que a excelência ou a relevância do evangelho está exatamente na sua
simplicidade. É cada vez mais fácil encontrar cristãos que acharam a “igreja
certa” do que os que simplesmente encontraram o evangelho. A sofisticação da
igreja mantém o cristão num estado de espiritualidade falsa e superficial. A
maior deficiência do cristianismo não está na forma, mas no conteúdo, pois,
apenas e tão somente apenas, o evangelho puro e simples é capaz de
transformar vidas irrecuperáveis aos olhos humanos.
O Evangelho da simplicidade é
um contraponto à Teologia do Sucesso e da Prosperidade; Um apelo a um estilo de
vida cristã simples, visível nos primeiros discípulos, sem exageros, sem extremos,
centrada no equilíbrio, no bom senso e sobretudo na coerência, a fim de que
tenhamos, ao mesmo tempo, uma vida digna diante dos homens e abundante diante de
Deus.
Infelizmente a simplicidade e pureza do evangelho já não provocam prazer
na maioria dos cristãos ocidentais. A sofisticação da igreja, sim! É o vaso
tornando-se mais valioso que o tesouro contido nele. Se a música não estiver no
volume perfeito, o ar condicionado no ponto exato, a pregação no tempo
apropriado, com conteúdo que agrade a todos os paladares e com o bom uso dos
aparatos tecnológicos, talvez eu não me agrade desta igreja.
Mas o Que o Evangelho da Simplicidade
não é? Não é a Teologia da pobreza ou apologia da miséria, não se coaduna
com a Teologia da Libertação e nem faz apologia preconceituosa às riquezas
sabiamente administradas; As coisas materiais são boas, porém devem ser
limitadas; e a prosperidade, quando houver, deve acontecer naturalmente, e
desenvolver-se a serviço do Reino de Deus; Não é uma apologia à
superficialidade espiritual e nem um retrocesso acadêmico, científico e
tecnológico, muito pelo contrário, um retorno profundo às Escrituras, ao estudo
teológico e ao discernimento espiritual, fazendo o bom uso de todos os recursos
disponíveis para o cumprimento de nossa missão no Reino de Deus; Não é uma
reforma institucional ou eclesiástica, mas um retorno ao Caminho, um
redirecionamento ao estilo de vida ensinado e vivido pelo o Senhor Jesus e
seguido pelos primeiros discípulos (Lc
9:23) .
O Que prega o Evangelho da
Simplicidade? O Evangelho da Simplicidade adverte para o cristão não viver
em função das coisas deste mundo (1Jo 2.15). O cristão pode usar as coisas do
mundo, mas de tal forma, que não seja devoto e nem escravo de nenhuma delas. O
cristão deve evitar trabalhos, cuidados e apegos que podem dificultar ou
impedir seu serviço ao Senhor (Mt 6:24).
O Evangelho da Simplicidade
adverte que, pelo fato de o tempo se abreviar, devemos sujeitar tudo nesta
vida a uma relação prioritária com o Senhor Jesus, o qual deve ser o nosso
tesouro maior e ocupar o primeiro lugar em nosso coração (1 Co 7:29-32).
O Evangelho da Simplicidade entende que as nossas metas e conquistas
devem ser focadas no Reino de Deus, onde deve estar o nosso tesouro; para que
isso aconteça precisamos de um despojamento da sobrecarga de tarefas, trabalhos
e preocupações desta vida. O Evangelho da Simplicidade prega que devemos ser
ricos para com Deus, acumulando tesouros nos céus (Lc 12:21; Mt 6;19-21).
Através do Evangelho da Simplicidade entendemos que, como igreja nesta terra,
somos simplesmente peregrinos seguindo o Caminho para a Casa do Pai. Saiba
também que... O Evangelho da Simplicidade é muito mais do que uma resposta à
crise vivida pelos cristãos dos dias atuais, diante do consumismo, bens,
riquezas, busca do sucesso, fama e prazer (1 Tm 6:8); ela é uma disciplina
cristã essencial que se deve praticar para a nossa saúde espiritual; uma
disciplina que requer a ação interior da graça de Deus (viver no Espírito) até
que seja extravasada e percebida externamente em nossos atos e comportamentos (andar
no Espírito – Gl 5:25); O Evangelho da Simplicidade não é um fim em si mesma, e
por isso, não pode operar isoladamente de outros aspectos da devoção cristã. A
igreja deve pregar o Evangelho completo e não se deter somente em uma ou duas
doutrinas, enfatizando-as sobremaneira ao ponto de transparecer que os demais
temas do Evangelho são desnecessários ou de segunda categoria (2 Tm 3;16). A
simplicidade deve estar em todos os aspectos da vida cristã, e como “Evangelho”
precisa ser analisado de forma coletiva, à luz de outras práticas e virtudes
cristãs, como a oração, comunhão, obediência, etc.
Logo a
verdadeira experiência espiritual com o evangelho de Jesus (o evangelho da simplicidade) requer um coração aquecido e não sentidos aguçados. Precisamos elevar nossos afetos por Cristo,
seu reino, sua Palavra e seu povo, e não os níveis de sofisticação e exigências
institucionais. O vaso deve ser de barro, sempre. O tesouro que ele guarda, o
evangelho simples de Jesus Cristo, é que tem grande valor. A sofisticação
produz queixas, impaciência, falta de caridade e egoísmo. A simplicidade sempre
nos conduz a compaixão, sinceridade, devoção e auto-doação. Pense nisso, viva com simplicidade, viva melhor.
E
que Deus tenha misericórdia de nós, de todos nós.
Uma palavra de quem e para quem não se envergonha do Evangelho.
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