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Este é o nosso espaço para reflexão, comunhão e relação com Deus e sobre Deus.
"A Teologia deve aproximar os homens de Deus , se a sua teologia te distanciar reveja seus fundamentos"

domingo, 18 de janeiro de 2015

A MORAL E A ÉTICA, A LEI E A GRAÇA: AFETOS E DESAFETOS


A MORAL E A ÉTICA, A LEI E A GRAÇA: AFETOS E DESAFETOS

O pensamento religioso vociferante nos dias de Jesus certamente era o da Teologia Moral de Causa e Efeito (TMCE). Essa Teologia que era marcadamente, legalista, letrista, virgulista e sobretudo moralista, persistia desde os tempos mais remotos, como podemos verificar no comportamento dos amigos do patriarca Jó. Somente os moralistas legalistas “os amigos de Jó” podem ler o Evangelho de Jesus e continuar pensando como os fariseus.

Entretanto essa moral legalista não é e nem pode ser a ética do Evangelho; Simplesmente porque a Teologia Moral de Causa e Efeito não pode praticar a Ética de Jesus e do Evangelho porque Ele (Jesus) inverte complemente os princípios de causalidades que por ela é ensinado. Jesus subverte radical e rupturalmente, de uma vez e para sempre, com essa lógica predatória: “Olho por olho, dente por dente”—que era e ainda é a Lei áurea da Teologia Moral de Causa e Efeito(TMCE)

A Graça inverte os polos, que, em Cristo, se vincula não à Moral, mas à obediência amorosa a Deus; e se expressa como resposta da consciência do amor à inconsciência do próximo, mesmo que seja o INIMIGO!

A Ética do Amor—que é a única ética do Evangelho— nega todos os pressupostos da Teologia Moral de Causa e Efeito.

Sim! o Evangelho insiste em que a Lei do Amor é o melhor de todos os fundamentos para a vida! Simplesmente porque Jesus não julga sob a ótica da Lei, mas sim sob a ótica da GRAÇA. Isso pode ser constatado no episódio da mulher adúltera (Jo. 8). Neste episódio fica provado que sempre que a injusta justiça dos homens se promove, a justa justiça de Deus se manifesta. Afinal de contas todos nós estávamos debaixo da condenação da pena de morte(Rm 6.23) Assim se manifestou a justiça de Deus através da fé em Cristo(8.2). Quanto mais os homens ansiavam demonstrar sua justiça legalista ao Cristo, mais relevância traziam para suas injustiças de consciência.

Talvez, em toda a humanidade, e em toda a história deste mundo, o maior equivoco e a mais deturpada interpretação humana, tenha sido o conceito sobre justiça. Deste destempero em realmente conhecer o que é a justiça de fato, o homem se tornou um ser justo, mas maligno, cruel e frio.

Quando alguns “justos” levaram até Jesus uma mulher “injusta”, a apoteose da justiça divina tornou-se conhecida por este mundo. Naquela tarde incomum, os códigos de conduta comportamentais deram lugar a consciência do Espirito.

No cenário, uma mulher pecadora e centenas de homens justos. Ela de pé, cheia de vergonhas, injustiças, mentiras. Eles, sentados, acalentados pelas suas próprias justiças, pelas suas orações prolongadas, pelas suas tradições religiosas respeitadas.

Num instante, Jesus que escrevia algo na areia, se levanta, e deixa o estado de justo que senta para julgar, para ficar de pé e absolver. Todos os homens que tiveram o vislumbre da Palavra de Deus como lei, como letra, como código, aprenderam apenas a condenar, apedrejar e infernizar o outro a condição de miserável, desprezível, pecador. Entretanto, aqueles cujo seus corações foram apaziguados pelo amor e pela justiça de Deus, em Cristo, somente conseguem absolver, agraciar, perdoar. (Rm 8.2)

Jesus demonstrou aos homens que a justiça de Deus é diferente da justiça que estamos acostumados. A justiça D’Ele revelada em Cristo, demonstrou que Deus não está preocupado em julgar os defeitos comportamentais dos seres errantes deste mundo, mas a consciência pervertida que condena o outro, sem nunca olhar para si mesmo.

Então, quando a consciência daqueles homens fora questionada, suas justas injustiças foram ao chão. Eles, aos poucos foram raciocinando e tornando a sobriedade divina que o oculto é mais perverso do que o que está manifesto. A mulher, de pé, enxugando as lágrimas, totalmente injusta, ficou a sós com a justiça daquele que Justifica. Então, os olhos justos de Deus, por meio de Cristo, a absolveram, permitindo-a viver, reviver, reinventar (Gl 2.1).

A justiça de Deus é justa, porque absolve o homem do pecado, do erro, do engano, para que assim, em consciência, possa tornar um caminho de misericórdia, graça e amor. Neste mundo, o homem mais justo é injusto, porque a justiça divina não se revela no homem através do que ele faz, mas em quem crê, posto que, Cristo é a essência da Justiça, e viver por meio dele, nele, é o que transforma a natureza injusta do homem na semelhança do que é justo em Deus. Logo, vivendo Nele, existe justiça, não pelo que se faz ou realiza, mas em quem se vive. Em cristo o homem está absolvido para absolver. Está livre para libertar. Sente-se amado para amar.

De fato, aqueles que se achavam justos foram embora, surpreendidos pelos seus disfarces. A injusta pecadora permaneceu ali, acalentada pela Graça que absolve, que acolhe, que agrega. A religião jamais entenderá essa linguagem da Graça, porque adora os martelos, os tribunais, os júris, as togas e as condenações de morte. Esta Graça sem penitências lhe é loucura (Gl 2.8-9), monstruosidade diabólica.

Eu sou injusto, mas nele, sou justificado. Em Cristo o justo não é aquele que não possui pecados, mas aquele que os reconhece. O justo não é aquele que é perfeito, mas aquele que sabe se compadecer dos imperfeitos. O justo não é aquele que é dono de um bom comportamento, mas aquele que cuja consciência é pura, é limpa, é transparente.

Se absolvido estou por Cristo, logo, quem me condenará? Por isso para Jesus os heróis da Graça eram os anti-heróis da religiosidade que o circundava e dos valores por ela ensinados.

Para a Teologia Moral de Causa e Efeito, o humilde de espírito era o lixo da espiritualidade; os que choravam eram vistos como culpados-infelizes; os mansos eram percebidos como desinteressados pelo zelo que disputava o espaço no chão da Terra; os que tem fome e sede de justiça eram interpretados como seres equivocados em suas ignorâncias radicais, pois, a única justiça que os mestres da TMCE conheciam era aquela que eles mesmos decidiam.

Já os misericordiosos eram os que tinham algo a esconder, daí se protegerem sendo bons com o próximo; os limpos de coração eram eles mesmos— os membros daquela confraria de amigos de Jó, é claro! afinal, não enxergavam seus próprios corações, pois só viam para fora de si mesmos, e, também, não esqueçamos: lavavam as mãos antes de comer!

Os pacificadores eram, em geral, considerados amigos de hereges; os perseguidos por causa da justiça, eram comumente aqueles acerca de quem eles patrocinavam o cartaz procurado, Vivo ou Morto! De preferência, bem morto !

E os injuriados e perseguidos figuravam, sobretudo, como foi no caso dos profetas, em sua lista de mais procurados! Esses, afinal, os Profetas, eram sempre a sua pior des-Graça, eram os mais terríveis subversivos!

O seu “sal” não era para a Terra, era apenas uma produção egoísta e independente fadada a se petrificar em seus sa-LEI-ros inúteis. Afinal, não se viam no papel de dar gosto à vida, mas, ao contrário, o de roubar-lhe todo o sabor!

Luz do Mundo? Como? Eles não reconheciam nenhum outro mundo que não fosse o dele

Enfim o que Jesus apresenta é uma desconstrução total de todas as “interpretações” da Lei, especialmente as explicitamente defendidas pelos discípulos da teologia dos amigos de Jó (TMCE), os escribas e fariseus dos dias de Jesus e seus confrades em nossos dias!

“Não matarás”—era o que estava escrito. Homicídio, todavia, é algo que sempre começa, lentamente, nos ambientes de causa e efeito das normas adoecidas do coração, e tem uma progressão que vai da ira sem motivo às tentativas de desconstruir o ser do próximo. Por isto, Ele ensina que todo homicida existencial precisar se livrar dos desejos de morte durante o caminho, do contrário, duas coisas lhe acontecerão: ele nunca mais terá nenhuma razão para falar com Deus ou tentar cultua-Lo e, também, esse homem se tornará vítima de seu próprio ódio e se alimentará de suas próprias carnes, por muito tempo—pelo menos enquanto o tempo for tempo!

O adultério, para Ele, acontecia na cama—ou em qualquer outro lugar—apenas depois de ter sido praticado muito tempo antes no coração.

Portanto, os maiores adúlteros podem nunca ter praticado um ato sequer de adultério. É quando o fazer é um detalhe se comparado ao permanente estado de ser dos que nunca cometeram historicamente o delito, mas que vivem em permanente estado de imersão interior nos abismos e dinâmicas permanentes do adultério fantasioso.

E, assim, Jesus prossegue desconstruindo a Teologia Moral de Causa e Efeito.

“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto ao vosso Pai que está nos céus”.

Ora, esta declaração de Jesus nos Desmontam de tudo o que a TMCE ensina como verdade, justiça e piedade.

“Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores” —é o golpe de misericórdia que Ele dá na estrutura de pensamento dessa sociedade de engano humano.

E avisa sobre a não causalidade entre o comportamento e a verdade do ser, pois, a “luz que há em ti”, segundo Ele, podem se tornar nossas trevas.

Então, Jesus dá um Xeque-mate! Tem-se que fazer uma opção sobre quem é o nosso Senhor. E, sendo Ele o Senhor (da Vida), o que sobra é “aborrecer-se” e “desprezar” o antigo senhor (da Morte), e que agora tem que ser coisa de nosso perdoado passado.

Jesus ainda nos adverte: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas”. 

Portanto em obediência a Ele eu prefiro o  exercício do perdão, desfrutando da certeza  de que não sofrerei nenhuma condenação(Rm 8.1), estando nele e no seu Espírito que é vida ontem, hoje e eternamente,
Jesiel Cruz 


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