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segunda-feira, 10 de junho de 2024

 


A Saudade: O Lado Doce da Dor

A saudade é um sentimento paradoxal que reside no âmago da experiência humana. Ela dói, mas é uma dor que se veste de um manto reconfortante, lembrando-nos de que fomos abençoados com momentos e pessoas que deixaram marcas indeléveis em nossas vidas. Só sentimos saudade do que foi bom, do que nos fez sorrir, do que aqueceu o coração e enriqueceu a alma.

Hoje, acordei com uma saudade profunda. Lembrei-me das conversas não terminadas, das risadas que ecoavam nas salas, das presenças que foram como pilares em minha vida. Senti saudades dos que se foram sem dizer adeus e daqueles que ainda estão por aí, mas que, por alguma razão, se afastaram. Senti saudades das igrejas por onde passei, dos irmãos que ali encontrei e que nunca mais revi. Senti saudades dos anos dourados da minha conversão, dos momentos de descoberta e crescimento espiritual. Senti saudades da minha infância, dos meus pais, dos seus cheiros, das suas vozes, das suas risadas.

Saudade é um sentimento recíproco. Só sentimos saudade de quem também nos deixou saudades. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Tessalonicenses, expressa isso de maneira sublime: "Nós, porém, irmãos, privados da companhia de vocês por breve tempo, em pessoa, mas não no coração, esforçamo-nos ainda mais para vê-los pessoalmente, pela saudade que temos de vocês" (1 Tessalonicenses 2:17). Essa saudade motivava Paulo a continuar seu trabalho, a perseverar em sua missão.

Recordo-me de uma amiga querida, que, sempre que falávamos sobre saudade, dizia que ela tinha cheiro de bolo de fubá. Para ela, a saudade trazia à memória as tardes na casa da avó, com o aroma do bolo se espalhando pela casa, e o som da risada calorosa da avó enchendo o ar. Essas lembranças, apesar de dolorosas pela ausência da avó, eram também doces e confortantes, um lembrete de um amor incondicional e de momentos preciosos.

A saudade tem o som de risadas que não ouvimos mais, o sabor de um prato que nos transporta para uma mesa antiga, o toque de uma mão que segurava a nossa em tempos de necessidade. Ela tem o cheiro de um perfume que de repente nos faz virar a cabeça em uma rua movimentada, esperando ver um rosto familiar. A saudade nos faz reviver, em nossa mente, cada detalhe dos momentos que guardamos no coração.

Mario Quintana escreveu: "O tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..." Essa frase encapsula a essência da saudade. É como se o tempo congelasse em uma lembrança, preservando-a eternamente fresca em nossa memória. Quando sentimos saudade, estamos, de fato, reavivando momentos preciosos, dando-lhes uma nova vida através da lembrança.

A saudade é um sentimento universal, presente em todas as culturas e sociedades. Em Portugal, a palavra "saudade" é intraduzível, refletindo um sentimento tão profundo e complexo que outras línguas não conseguem capturar em uma única palavra. Na cultura japonesa, há o conceito de "natsukashii," que descreve a saudade de coisas passadas e uma sensação de nostalgia agradável.

Embora a saudade possa ser dolorosa, ela também nos lembra do amor que tivemos e das experiências que vivemos. É um lembrete de que somos capazes de amar profundamente e de criar laços significativos. A saudade é uma dor que confirma que valeu a pena viver aqueles momentos, que fomos felizes, que amamos e fomos amados.

A saudade pode ser um poderoso agente de transformação. Ela nos incentiva a valorizar mais os momentos presentes, a cultivar relações mais profundas e significativas, e a viver de forma mais plena e consciente. A saudade nos ensina a importância de sermos presentes na vida das pessoas, de amar intensamente e de deixar um legado de boas lembranças.

Hoje, a saudade é tão intensa que preciso evocar a fala de Mario Quintana, que, como poeta, mas parece um profeta, ao declarar: "O tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..." Obrigado por me fazerem ter boas lembranças, que consolam a minha alma. A todos vocês que habitam a minha existência, seja onde estiverem, muito obrigado! E se alguém estiver com saudades de mim, é só me avisar, pois eu estou aqui para dizer: É bom sentir saudades de todos vocês.

A saudade, quando bem tratada, pode converter-se numa lembrança propulsora para a vida e para novas realizações. O maior e mais significativo exemplo disso é a lembrança da morte de Jesus Cristo, que representa para os crentes a motivação da fé, da esperança e da própria vida. Quem cuida da nossa saudade é o Senhor, que, mediante Seu amor incondicional, transforma a dor em um trampolim para a vida, apoiado nas lembranças positivas e no fortalecimento concedido pelo Espírito Santo.

É bom sentir saudades!

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