Seria impossível compreendermos a
Educação Cristã, sem olharmos para as páginas da Bíblia Sagrada. A Bíblia é o
livro texto da Educação Cristã, é dela que emerge todos os fatos e fundamentos
que justificam uma educação com a visão cristã de mundo. Todavia precisamos
entender a cultura e conjuntura da trajetória histórica narrada na Bíblia para
entendermos, a partir desta análise, a responsabilidade do Povo de Deus no quis
diz respeito ao dever de educar o ser humano. Começaremos pelo Antigo
Testamento.
1.1 A Responsabilidade da Educação no Antigo Testamento
A educação é um fenômeno
profundamente humano e, portanto é uma atividade de vital importância para o
cristianismo. Afinal de contas seu fundador era conhecido como um mestre e
ordenou explicitamente aos seus seguidores que utilizassem o método educativo
para comunicar a outras pessoas seus novos valores e convicções. Logo, sem um
processo educativo a fé cristã não poderia preservar sua identidade e se
expandir ao longo do tempo. Todavia, para uma melhor compreensão e análise
precisamos identificar a origem desta visão, neste sentido Matos assinala
que
Nunca se
deve esquecer que a igreja cristã nasceu no seio de judaísmo. Jesus Cristo e os
primeiros cristãos eram todos judeus e o novo movimento herdou dessa matriz um
legado muito importante, a começar das Escrituras Hebraicas. (MATOS, 2008, P.
10)
Portanto
a identificação dos principais modelos apresentados na história linear da
salvação é fundamental para nossa
compreensão da responsabilidade Educativa do Povo de Deus.
A responsabilidade com a Educação
pode ser percebida Biblicamente, desde os tempos mais remotos. Na verdade
Teologicamente temos base para fundamentarmos a educação do ser humano, antes
da contagem dos tempos, desde o Jardim do Éden, “quando Deus colocou ali o homem, ele
optou pelo método de ensino da comunicação direta, pois, o senhor andaria com
ele e revelar-se-ia progressivamente a ele”. (GILBERTO, 1997, p.45), ou seja
Deus é o modelo maior de Educador com quem o homem possuía profunda comunhão, o
que origina a dimensão pessoal e
relacional que deve existir em todo processo educativo do ser humano. Por isso até hoje para os hebreus o único
mestre é Yhwh* (Javé ou Jeová) e até os seguidores ou servos dos profetas,
são discípulos de Javé.” (CRUZ, 2011, P. 49)
Após a queda, o Homem se vê distanciado de sua
grande fonte de conhecimento, “Deus”, (Gn 3.8-9) passando a ter necessidade não
apenas de produzir, mas também acumular e transmitir o conhecimento gerado,
através de pessoas separadas para isto. Desta forma surgem as primeiras ações
didáticas de discipulado no judaísmo primitivo. Este processo se prolonga por
vários séculos, inicialmente através dos patriarcas, como destaca o Pastor
Antônio Gilberto
Até os
dias de Jacó, o plano de educação religiosa foi ainda desenvolvido pela
comunicação direta a homens escolhidos, aos quais os propósitos Divinos (o
certo X errado, o culto aceitável, etc.) eram revelados para transmissão
posterior aos outros homens ( Gn 6.13-22; 7.1; 12.1-3; 18.20-21; e 31.3).
(GILBERTO, 1997, p. 45)
Neste período já se pode notar, de
maneira clara, Deus revelando a responsabilidade familiar no ensino religioso, (Gênesis
18.19). Durante todo o período patriarcal o
ensino estava profundamente alicerçado no
“Shemá”, cuja lição principal era:
Ouve,
Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus
de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas
palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus
filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão
por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e
nas tuas portas. (BÍBLIA SAGRADA, ARC, Dt 6.4-9)
Por isso a Torah (תורת ) foi a
primeira e principal palavra que agregava o valor de ensino, a essência da
Educação Religiosa, no Antigo Testamento (Dt 11:19). É importante salientar que
para o judeu havia prazer no ensino e aprendizado da lei do Senhor porque seu
conhecimento tirava certa ansiedade do
povo no que tange ao serviço e adoração do Deus Altíssimo. Os deuses da
mesopotâmia eram difíceis de agradar e dependia do “bom humor” dos deuses,
nunca se sabia como os deuses reagiriam às ofertas. Mas com Deus não era assim,
o povo sabia exatamente o que esperar de Deus e como servi-lo porque ele havia
se revelado de forma clara e completa em sua Palavra.
Como já foi dito neste período a responsabilidade com a
educação era marcadamente familiar, pois a
primeira escola do judeu era o seu lar, em casa os filhos aprendiam os
rudimentos da fé. Isso porque, na cultura judaica, a família era à base da
sociedade. As crianças tinham valor, e pesava, sobre os pais, a
responsabilidade de educá- las, por serem dádivas de Deus (Jó. 5.25; Sl. 127.3;
128.3,4). O treinamento das crianças, no Antigo Testamento, envolvia também a
formação artística (ISm. 16.11; II Rs. 4.18; Jz. 21.21; Lm. 5.14). Essa
formação deve ser considerada pelos pais, pois a arte exerce um papel na
construção do caráter. A instrução quanto às prendas domésticas também recebia
atenção, principalmente para as meninas (Êx. 35.25; II Sm. 13.8).
Após o período patriarcal, a educação recebera
novas abordagens com os Sacerdotes, Reis e profetas. Neste período “os métodos
usados por Deus foram às experiências em meio às lutas, provações e
dificuldades, também se revelou por meio de símbolos, festas e Leis (Êxodo. 12;
13; 16; Levítico. 23)”
(Ibid, p. 46). É interessante notar que “os sacerdotes, além do culto divino, tinham
o encargo do ensino da Lei (Deuteronômio 24.8; I Samuel 12.23; II Crônicas.
15.3; Jeremias. 18.18)” (Idem, p. 111) . Os profetas também tinham sua parcela
de responsabilidade no processo de discipulado do povo “homens como Elias, Amós
e Isaías não foram apenas pregadores, mas também professores, que ajudaram a
priorizar no pensamento hebraico o ideal da justiça cívica e pessoal”
(SISEMORE, 1990, p.17). Os Reis, quando cumpriam os desígnios divinos para seu
ministério, também davam sua contribuição no processo educacional do povo de
Deus, auxiliando os sacerdotes e Profetas na divulgação da palavra (II Crônicas
17.7-9),(Idem, p. 47) com Davi, por exemplo o povo aprendeu bastante sobre a
liturgia e a adoração no Culto (II Crônicas 15.16; 16.4-6).
O Rei
Salomão tornou-se representante dos Sábios. O clímax da Doutrina dos sábios
pertence ao período pós-exílico, mas o livro de provérbios tem sua origem em
Salomão. Este livro é o repositório Bíblico da experiência, sabedoria e
aprendizado dos sábios. Depois da Torá, é o mais antigo livro Hebreu de
educação. O âmago de sua doutrina é que o temor a Deus é o princípio da
sabedoria. (Ibid, p.16)
Embora alguns líderes de Israel
tenham se esforçado para cumprir sua responsabilidade, o povo falhou na
compreensão da lição principal o “Shema” (Dt 6.4-9) e se prostituíram com as
nações pagãs a sua volta, caindo no terrível pecado de Idolatria que culminou
com sua derrota e cativeiro. O exílio foi, indiscutivelmente, uma catástrofe
Nacional, mas não deixou de trazer influências compensadoras. A sinagoga foi um
dos seus maiores resultados” (Opcit, p.18). Isto, porque na volta a Jerusalém,
as sinagogas são mantidas como local de estudo bíblico e ensino, produzindo
assim grandes avivamentos como podemos ver em Neemias. Embora a sinagoga tenha
sido profundamente útil em alguns momentos, com ela surgiu uma nova liderança
religiosa, os escribas, já que os profetas caíram no ostracismo.
Assim, a didática meramente
transmissiva substituiu a pregação. Isto naturalmente foi ruim, pois os
escribas, diferindo dos profetas, criaram um sistema rigoroso de tradição
legalista – que Jesus condenou vigorosamente.(Ibid, p. 18)
Este sistema rigoroso de tradição
legalista se mantém até os tempos bíblicos do Novo Testamento, quando se
confrontará com a excelência do ministério de Jesus Cristo e seu modo
estratégico de educar com um programa de
discipulado.
Desta forma, cabe destacar que
durante toda a história do Antigo Testamento fica muito claro à forma séria e
singular com que o povo de Deus tratava a educação e consequentemente o
discipulado, que sempre foi visto como um processo profundamente pessoal e
relacional e não institucional como acontece hoje.
1.2 A Responsabilidade da Educação no Novo Testamento
No Novo Testamento a essência do
ensino religioso está na Grande Comissão (Mt 28:18-20). A palavra empregada por
Jesus, por si só, agrega os valores do ensino: ensinar e aprender. Jesus não só
ordena o ensino como também a observação da prática de seu ensino. Neste e em
outro contexto Jesus mostra a importância da prática do ensino religioso na
vida do cristão! (Jo 14.21).
Ele
entendia que, como mestre, era assim visto não somente em uma sala de aula, mas
em todos os lugares e em todo o tempo ensinava com palavras e com sua vida
(Lucas 20.1; Mateus 5.1 e 2). Deixa-nos o exemplo em seu testemunho, seu poder,
seu preparo, sua dedicação, sua disposição, e seu amor para com seu ministério
e alunos. Sua pedagogia até hoje não foi ultrapassada, partindo sempre da
experiência própria e individual de seu ouvinte para a aplicação do ensino
desejado (Jo 2.13-22; 4.1-30; 6; 7.37-44; 8.1-11; 9.39; 13; 15). (ARMSTRONG,
1994, P.48)
Jesus não só praticava com
excelência o ministério de educação, como também procurava enfatizar sua importância para o Cristianismo
e a sociedade, fundamentando-a na relação interpessoal e transcultural que
mantinha com seus alunos.
Jesus sempre sonhou com uma Igreja
que fosse extremamente didática na transmissão dos seus ensinos, isto fica explícito no programa de educação cristã que
ele apresenta na Grande Comissão.
Neste
programa, o fazer discípulo é o primeiro passo. A própria palavra discípulo
significa aprendiz e, por conseguinte, invoca um processo educacional. Não
existe melhor maneira de fazer discípulo do que ensinar a verdade fundamentada
em Jesus. (SISEMORE, 1994, P. 20)
Observemos o chamado dos doze. Para
que Jesus os chamou? Ele não os chamou
para uma reunião formal. Tão pouco os chamou para uma atividade religiosa. Conforme Marcos 3.14, Jesus chamou os doze
para estarem com ele e depois para
os enviar a pregar. A sentença "para estarem com ele" define a
estratégia básica de Jesus. Cristo
estava estabelecendo as primeiras juntas e ligamentos do corpo, entre ele e os
apóstolos, pois queria uma RELAÇÃO
estreita com os seus discípulos para transmitir-lhes a sua vida pelo exemplo.
Jesus não era um homem de púlpito. Não era um homem de mensagens elaboradas,
nem de mensagens entusiasmadas. Jesus era um homem de RELACIONAMENTOS. Seus
discípulos aprenderam tudo, VENDO,OUVINDO E FAZENDO.
Os
discípulos viam como Jesus se relacionava com os pobres, o que dizia para os
ricos, como tratava os enfermos, como respondia aos hipócritas, como expulsava
os demônios, o que fazia quando estava cansado, como reagia a uma tempestade no
mar, como tratava as prostitutas, como reagia às mentiras e calúnias, como
amava a Israel, como orava ao Pai, quando ria, quando chorava, quando
esbravejava e derrubava mesas, quando era preso e até como morreu.
Assim, fica clarividente a forma
séria e singular com que Jesus lida com
o ministério de educação.
nos
evangelhos, Jesus é chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes, e
nunca se fala nele como pregador [..] Fala-se em Jesus ensinando, quarenta e
cinco vezes; e onze apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando.
(GEORGE, 1993, P. 67)
Portanto o Cristianismo foi
orientado e sugestionado desde a sua formação, pelo próprio fundador, a encarar
com muita responsabilidade o ministério do Ensino Religioso não só na Igreja
como na sociedade, exigindo assim da igreja primitiva uma postura não só de
formalidade, mas também uma postura de informalidade,
como podemos ver por exemplo na narrativa de atos que diz “E todos os dias, no templo e de casa
em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.” At. 5.42,
demonstrando que a igreja atuava não só no “templo” (ensino formal) mas também de “casa em casa” (ensino informal).
A filosofia de ensino no Antigo
Testamento, portanto, era o ensino religioso através da memorização e repetição
de pai para filho. No Novo Testamento o ensino religioso passa a ser uma
prática, o ensino deveria ser vivido por cada cristão.
1.3
Responsabilidade educativa na História da Igreja.
Mesmo após o período coberto pela
narrativa Bíblica é possível perceber a importância do Ministério de Educação
através da História da Igreja.
Do período pós-apostólico até a
reforma - No período pós-apostólico a Igreja enfrentou grandes desafios à
medida que avançava sobre o mundo Greco-Romano, segundo Michael Green estes
desafios eram principalmente, dentre outra coisas, desafios religiosos,
culturais, político e ético-morais. (GREEN, 1976, pp. 26-33) Portanto para
vencerem este desafio o processo de ensino foi fundamental, à medida que a
igreja ganhava mais gentios do que Judeus.
A primeira época da história da
Igreja foi um era de crescimento. Esta época durou aproximadamente 300 anos. Um
documento do primeiro século ou início do século II, que servia de instrução
moral e doutrinária era a Didaché. Um grande destaque na Didaché era dado à
vida prática, ou seja, a ética Cristã. (GEORGE, 1993, pp. 22-23)
Durante este período de suntuoso
crescimento surgiram grandes Mestres, conhecidos como apologistas, educadores que exerceram papel importante no
ministério de educação Cristã. Dentre eles os principais foram Justino Mártir (100-165),
que teve sua principal contribuição na ênfase filosófica que deu ao
Cristianismo. Irineu de Roterdan (140-200), que teve sua maior contribuição à
educação Cristã ao escrever contra o gnosticismo. Clemente de Alexandria (160-215),
que fora profundamente influenciado pela filosofia Grega e teve sua maior
contribuição à educação Cristã com sua obra Paidagogos e stromaites que é um
trabalho de educação avançada. Tertuliano (160-220), que embora pensasse
diferente quanto ao uso da filosofia nas discussões teológicas, talvez tenha
deixado sua maior contribuição à educação na quantidade de escritos que deixou
à igreja para ser usado por seus sucessores e teólogos de futuras gerações;
Orígenes (185-254), este foi discípulo de Clemente de Alexandria. Suas
produções Teológicas dominaram a erudição eclesiástica durante os séculos III e
IV; Jerônimo (345-419), este “geralmente é reconhecido como o erudito mais eminente entre os pais da Igreja” (HALL,
p. 106), teve sua principal contribuição à educação Cristã na tradução latina
das Escrituras a Vulgata, e na sua ênfase na igualdade do homem perante Deus,
que abriu caminho para a futura adoção do princípio da educação universal;
Agostinho de Hipona (354-430), Agostinho teve uma experiência de conversão
dramática após ter vivido uma adolescência e juventude dissoluta, após sua
conversão passou três anos de estudo solitário (386-389), escreveu muitas obras
e suas principais contribuições à educação foram Educação Cristã e a Instrução
para os não instruídos uma espécie de Manual de instrução para clérigos e leigos,
a primeira obra composta de quatro tomos que foi usado por vários séculos como
tratado clássico de Pedagogia.(ARMSTRONG, 1994, pp. 51-54)
Concomitantemente com os pais da
Igreja surgiram instituições de grande valor para a Educação Cristã
A princípio, a educação na Igreja Gentia tomou
caráter semiformal, em classes conhecidas como escolas de catecúmenos. O
catecúmeno era um novo convertido que precisava ser instruído em matéria de fé.
(“catecúmeno” é derivado de uma palavra grega que significa instruir, fazer
ruído ao ouvido, instrução rudimentar). As escolas de catecúmenos eram classes
de aulas semiformais ministradas a tais pessoas, entre as quais filhos de
crentes, Judeus adultos e gentios convertidos. Os mestres eram os bispos
diáconos e subdiáconos [...] Este sistema alcançou seu ponto mais alto no
quarto século, mas a partir de 450 começou o seu declínio. (ARMSTRONG, 1994, p.
46)
Outras instituições de singular
importância neste período foram as Escolas Catequéticas, que surgiram da
necessidade de se oferecer mais que uma instrução elementar, e também preparar
e treinar os cristão no mesmo nível intelectual dos seus críticos.
A primeira e mais famosa escola catequética foi a de
Alexandria, no norte da África...Seu objetivo era utilizar o pensamento grego
na interpretação das escrituras e no treinamento de líderes. Existiam também
outras escolas desse tipo em Antioquia, Cesaréia, Edesa, Jerusalém, Cartago e
outras cidades. Por sua função de treinar líderes, as escolas catequéticas
foram às precursoras das atuais instituições de educação teológica. Foi nestas
escolas que a fé e a doutrina cristã se estruturaram num sistema de pensamento.
(Ibid, p. 53)
Outro sistema educacional
estabelecido neste período mais especificamente por volta do ano 330 foi o Sistema
Monástico, que surgiu devido o envolvimento da igreja com o estado, provocando
desilusão em muita gente que achava que a Igreja e os cristãos deveriam se
manter separados do mundo, como no início da sua história. Estas pessoas
buscaram um meio de voltar a essa vida separada, para meditação e estudo
pessoal. E assim ficaram conhecidas como monges.
“Nestas escolas ensinavam-se as
crianças a ler. Para ter o que ler, os noviços copiavam os manuscritos da
Igreja primitiva e obras da literatura romana antiga”. (Ibid, pp. 47-48) Desse
modo as escolas monásticas deram sua maior contribuição para a educação na
igreja, preservando a literatura bíblica, histórica e secular para a
posteridade.
Embora a igreja tenha crescido
bastante nos primeiros séculos o sistema educacional sofreu descontinuidade,
houve certo anacronismo e a partir do
quarto século a educação cristã, como também a educação secular, entraram em
decadência.
Neste período são raríssimas as
exceções, como columbano da Irlanda e Bonifácio, apóstolos dos alemães que
conseguiram tencionar uma contribuição significativa para o desenvolvimento da
educação Cristã. No entanto, pelo menos, dois nomes podemos citar como destaque
no período medieval: Alcuíno (735-804) educador responsável pelo treinamento do
clero e do pessoal administrativo no reino de Carlos Magno.
Importância
de Alcuíno para o estudo dos fundamentos históricos da educação cristã é que as
reformas educacionais e eclesiásticas durante sua administração e o reino de
Carlos Magno deram força à Igreja e à cultura para se manterem durante os anos
de trevas que se seguiram. (Ibid, p.
54)
E o outro, Tomás de Aquino
(1225-1274) que foi profundamente influenciado pelo movimento do escolasticismo
em voga na sua época.
Tomas de
Aquino, o escolástico mais importante, dedicou-se à tarefa de conciliar o
pensamento de Aristóteles com os ensinamentos da Igreja. Queria harmonizar o
Cristianismo com a ciência e a civilização. Quer dizer Tomas de Aquino tentou
descobrir ou criar uma aliança entre a fé e a razão [...] O resultado do seu
trabalho foi a Suma Teológica. Com Tomas de Aquino, o Escolasticismo deu ânimo
ao estudo da Teologia e conservou o interesse nos assuntos intelectuais. (Ibid, p. 55)
Da reforma à fundação da Escola
Dominical - No período que antecede a reforma, entre os séculos X a XII, alguns
grupos exerceram uma significativa influência, “constituídos dos Valdenses e
albigenses, que eram apologistas da separação” (ALMEIDA, 1992, p.18). Dos
Valdenses surgiram pelo menos dois grandes mestres precursores da reforma John
Wyclife (1330-1384) conhecido como “Estrela matutina da reforma” e John Huss
(1372-1415), que inspirou fortemente a vida de Lutero. (Ibid, p. 60)
O período medieval foi o período em
que a educação cristã foi mais negligenciada. Por isso, é também chamada
período da ignorância ou era das trevas, no entanto no século XVI, Deus
começou, novamente, a levantar grandes mestres para corrigir os desvios
doutrinários e ensinar as escrituras. Este período ficou também conhecido como
Era dos Reformadores.
Os reformadores abriram um debate sobre a autoridade docente
e rejeitaram a autoridade do Magisterium, da monarquia papal, argumentando que ela usurpou prerrogativas que
pertenciam somente a Cristo. (GEORGE, 1993, p.79)
Os reformadores deram uma
contribuição significativa a história da Educação Cristã, homens como Lutero,
Zwinglio, Calvino, Melancghithon, John Knox, foram verdadeiros interlocutores,
de Deus, na história para valorização, prática e prossecução do ministério
docente da Igreja do Senhor. Estes Homens dedicaram especial atenção ao preparo
de livros de instrução religiosa, bem como fundaram instituições e reuniões
destinadas a esse mister. Eles sabiam que o trabalho não consistia apenas em
pregar, mas também em educar o povo. (GILBERTO, 1997, p. 107)
No século XVII, período que sucedeu
aos primeiros movimentos da reforma, surgiram célebres educadores, dentro e
fora do contexto da Igreja, que deixaram influências marcantes. Descartes,
Locke, Spinoza são alguns deles, merecendo destaque João Comênio (1592 1670)
cognanimado “profeta da educação moderna” que com uma perspectiva Pansofista,
chegou a seguinte máxima: “Se todos os homens aprendessem todas as coisas,
todos seriam sábios e o mundo se encheria de ordem, luz e paz.”(Ibid, p. 64)
Um movimento que se destacou neste
período, pela contribuição ao ensino, foi o Pietismo.
O estudo
deste movimento é importante, porque seus seguidores diziam haver ligação
direta entre a Teologia e a educação. Para eles, o propósito da educação era
honrar a Deus. Seus filhos foram ensinados observando o exemplo dos pais,
vivendo segundo princípios cristãos em suas experiências cotidianas. (idem, p.
65)
Alguns
membros do Pietismo, se destacaram como Nikolaus Ludwig Zinzendorf (
1700-1760), que fundou colônias religiosas através da Europa. Suas colônias são
tidas como precursoras da Escola Dominical.
Síntese Histórica da Escola
Dominical - A Escola Dominical surgiu em um período em que a Educação Cristã e
educação secular estavam praticamente desassociadas, por isso sem sombra de
dúvidas ela se constitui num marco revolucionário no sistema de educação da
Igreja. (Ibid, p. 82)
O movimento religioso que nos deu a
Escola Dominical como a temos hoje, começou em 1780, na cidade de Gloucester,
no sul da Inglaterra. O fundador foi o Jornalista evangélico (episcopal) Robert
Raikes, de 44 anos, redator do “Glocester
Journal”. Raikes foi inspirado a fundar a Escola Dominical ao sentir compaixão
pelas crianças de sua cidade, perambulando pelas ruas entregues a delinquência
, a ociosidade e ao vício[...] procurava as crianças em plena rua e em casa dos
pais e as conduzia ao local de reunião fazendo-lhes apelos para que todos os
domingos estivessem ali reunidas.(GILBERTO, 1997, p.114)
Inicialmente Raikes estabeleceu um
período experimental de três anos e no dia 3 de novembro de 1783 publicou em
seu jornal a transformação na vida de duas crianças. Até hoje, este dia é
considerado o dia natalício da Escola Dominical. (Idem, p. 63)
Em apenas oito anos a Escola
Dominical já havia alcançado a marca de 250 mil alunos matriculados, só na
Inglaterra. Embora o movimento tenha encontrado bastante resistência e oposição
no seu início, por fim, acabou sendo reconhecido pela rainha e cumpriu sua
finalidade quando o parlamento inglês libertou as crianças das fábricas e
tornou a Educação gratuita para todos. Daí por diante, a Escola Dominical
cresceu sem parar como afirma Sherrom em sua obra igreja ensinadora.
Desde sua
fundação, há mais de duzentos anos, o movimento da escola dominical tem exercido
uma enorme influência sobre os ministério educacional das igrejas protestantes.
Surgiram classes também para adultos. Expandiu-se para a América e dominou o
desenvolvimento da educação Cristã nos Estados Unidos e foi trazida ao Brasil
onde também floresceu e manteve as mesmas características de sua
origem.(GEORGE, 1993, p. 83)
Portanto, a importância da EBD é
indiscutível, ela é uma ferramenta extraordinária para equipar e educar os
santos a viverem e a servirem o Mestre, logo ela não pode ser escondida ou
negligenciada, pois como afirma o Pastor Antonio Gilberto: “A Escola Dominical,
devidamente funcionando, é o povo do Senhor, no dia do Senhor, estudando a
Palavra do Senhor, na casa do Senhor”.(GILBERTO, 1994, P. 28).
Conclusão
Estamos vivendo dias difíceis
conforme previsto pelo apóstolo Paulo (2 Tm 3.1), onde a educação secular se
processa a partir de uma mentalidade dominada pela secularização, filosofias e
métodos anticristãos, agnósticos ou ateístas. Neste contexto são grandes as oportunidades, mas também as
tensões e os desafios, impostos pela sociedade influenciada por esses
movimentos.
Por isso a pior denúncia que se pode
fazer às Igrejas da pós-modernidade é a
de que abandonaram o ideal proposto pelo
mestre por excelência, JESUS CRISTO, e se renderam ao consumismo, oferecendo um
evangelho utilitarista, onde Deus está a serviço do Homem, quando deve ser o
inverso, o homem a serviço de Deus. As igrejas da pós-modernidade aboliram
definitivamente a EBD, esta organização
tão importante para o crescimento e amadurecimento do povo de Deus, abandonado
sua herança histórica nesta área. Infelizmente isto ocorre por causa do
interesse pragmático que privilegia o crescimento numérico em detrimento a
qualidade de vida cristã. A educação é considerada dispensável em muitas
comunidades. Mas em tempo, saliento as
palavras de Hendricks
que diz “A
denominação evangélica que não educa, deixa de existir como Igreja do Novo
Testamento. Para que o Cristianismo seja perpetuado, precisa ser propagado”
(HENDRICKS, 1994, p. 18) . Então, se é verdade que certos modelos tradicionais,
como a EBD, necessitam de mudanças,
também é verdade que as novas alternativas que estão sendo propostas precisam
preservar as contribuições válidas do passado. Logo, não tenho dúvidas A NOVA
EBD, É A EBD DE SEMPRE!
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