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"A Teologia deve aproximar os homens de Deus , se a sua teologia te distanciar reveja seus fundamentos"

terça-feira, 7 de setembro de 2004

“Responsabilidade Educativa do Povo de Deus: Trajetória da Educação na História da Salvação”

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Seria impossível compreendermos a Educação Cristã, sem olharmos para as páginas da Bíblia Sagrada. A Bíblia é o livro texto da Educação Cristã, é dela que emerge todos os fatos e fundamentos que justificam uma educação com a visão cristã de mundo. Todavia precisamos entender a cultura e conjuntura da trajetória histórica narrada na Bíblia para entendermos, a partir desta análise, a responsabilidade do Povo de Deus no quis diz respeito ao dever de educar o ser humano. Começaremos pelo Antigo Testamento.
1.1 A Responsabilidade da Educação no Antigo Testamento
A educação é um fenômeno profundamente humano e, portanto é uma atividade de vital importância para o cristianismo. Afinal de contas seu fundador era conhecido como um mestre e ordenou explicitamente aos seus seguidores que utilizassem o método educativo para comunicar a outras pessoas seus novos valores e convicções. Logo, sem um processo educativo a fé cristã não poderia preservar sua identidade e se expandir ao longo do tempo. Todavia, para uma melhor compreensão e análise precisamos identificar a origem desta visão, neste sentido Matos assinala que 
Nunca se deve esquecer que a igreja cristã nasceu no seio de judaísmo. Jesus Cristo e os primeiros cristãos eram todos judeus e o novo movimento herdou dessa matriz um legado muito importante, a começar das Escrituras Hebraicas. (MATOS, 2008, P. 10)

Portanto a identificação dos principais modelos apresentados na história linear da salvação  é fundamental para nossa compreensão da responsabilidade Educativa do Povo de Deus.
A responsabilidade com a Educação pode ser percebida Biblicamente, desde os tempos mais remotos. Na verdade Teologicamente temos base para fundamentarmos a educação do ser humano, antes da contagem dos tempos, desde o Jardim do  Éden, “quando Deus colocou ali o homem, ele optou pelo método de ensino da comunicação direta, pois, o senhor andaria com ele e revelar-se-ia progressivamente a ele”. (GILBERTO, 1997, p.45), ou seja Deus é o modelo maior de Educador com quem o homem possuía profunda comunhão, o que origina a  dimensão pessoal e relacional que deve existir em todo processo educativo do ser humano.  Por isso até hoje para os hebreus o único mestre é Yhwh* (Javé ou Jeová)  e até os seguidores ou servos dos profetas, são discípulos de Javé.” (CRUZ, 2011, P. 49)
 Após a queda, o Homem se vê distanciado de sua grande fonte de conhecimento, “Deus”, (Gn 3.8-9) passando a ter necessidade não apenas de produzir, mas também acumular e transmitir o conhecimento gerado, através de pessoas separadas para isto. Desta forma surgem as primeiras ações didáticas de discipulado no judaísmo primitivo. Este processo se prolonga por vários séculos, inicialmente através dos patriarcas, como destaca o Pastor Antônio Gilberto
Até os dias de Jacó, o plano de educação religiosa foi ainda desenvolvido pela comunicação direta a homens escolhidos, aos quais os propósitos Divinos (o certo X errado, o culto aceitável, etc.) eram revelados para transmissão posterior aos outros homens ( Gn 6.13-22; 7.1; 12.1-3; 18.20-21; e 31.3). (GILBERTO, 1997, p. 45)

Neste período já se pode notar, de maneira clara, Deus revelando a responsabilidade familiar no ensino religioso, (Gênesis 18.19).  Durante todo o período patriarcal o ensino estava profundamente alicerçado no  “Shemá”, cuja lição principal era:
Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas. (BÍBLIA SAGRADA, ARC, Dt 6.4-9)

Por isso a Torah (תורת ) foi a primeira e principal palavra que agregava o valor de ensino, a essência da Educação Religiosa, no Antigo Testamento (Dt 11:19). É importante salientar que para o judeu havia prazer no ensino e aprendizado da lei do Senhor porque seu conhecimento tirava  certa ansiedade do povo no que tange ao serviço e adoração do Deus Altíssimo. Os deuses da mesopotâmia eram difíceis de agradar e dependia do “bom humor” dos deuses, nunca se sabia como os deuses reagiriam às ofertas. Mas com Deus não era assim, o povo sabia exatamente o que esperar de Deus e como servi-lo porque ele havia se revelado de forma clara e completa em sua Palavra.
Como já foi dito  neste período a responsabilidade com a educação era marcadamente familiar, pois a  primeira escola do judeu era o seu lar, em casa os filhos aprendiam os rudimentos da fé. Isso porque, na cultura judaica, a família era à base da sociedade. As crianças tinham valor, e pesava, sobre os pais, a responsabilidade de educá- las, por serem dádivas de Deus (Jó. 5.25; Sl. 127.3; 128.3,4). O treinamento das crianças, no Antigo Testamento, envolvia também a formação artística (ISm. 16.11; II Rs. 4.18; Jz. 21.21; Lm. 5.14). Essa formação deve ser considerada pelos pais, pois a arte exerce um papel na construção do caráter. A instrução quanto às prendas domésticas também recebia atenção, principalmente para as meninas (Êx. 35.25; II Sm. 13.8).
 Após o período patriarcal, a educação recebera novas abordagens com os Sacerdotes, Reis e profetas. Neste período “os métodos usados por Deus foram às experiências em meio às lutas, provações e dificuldades, também se revelou por meio de símbolos, festas e Leis (Êxodo. 12; 13; 16; Levítico. 23)” (Ibid, p. 46).  É interessante notar que  “os sacerdotes, além do culto divino, tinham o encargo do ensino da Lei (Deuteronômio 24.8; I Samuel 12.23; II Crônicas. 15.3; Jeremias. 18.18)” (Idem, p. 111) . Os profetas também tinham sua parcela de responsabilidade no processo de discipulado do povo “homens como Elias, Amós e Isaías não foram apenas pregadores, mas também professores, que ajudaram a priorizar no pensamento hebraico o ideal da justiça cívica e pessoal” (SISEMORE, 1990, p.17). Os Reis, quando cumpriam os desígnios divinos para seu ministério, também davam sua contribuição no processo educacional do povo de Deus, auxiliando os sacerdotes e Profetas na divulgação da palavra (II Crônicas 17.7-9),(Idem, p. 47) com Davi, por exemplo o povo aprendeu bastante sobre a liturgia e a adoração no Culto (II Crônicas 15.16; 16.4-6).
O Rei Salomão tornou-se representante dos Sábios. O clímax da Doutrina dos sábios pertence ao período pós-exílico, mas o livro de provérbios tem sua origem em Salomão. Este livro é o repositório Bíblico da experiência, sabedoria e aprendizado dos sábios. Depois da Torá, é o mais antigo livro Hebreu de educação. O âmago de sua doutrina é que o temor a Deus é o princípio da sabedoria. (Ibid, p.16)

Embora alguns líderes de Israel tenham se esforçado para cumprir sua responsabilidade, o povo falhou na compreensão da lição principal o “Shema” (Dt 6.4-9) e se prostituíram com as nações pagãs a sua volta, caindo no terrível pecado de Idolatria que culminou com sua derrota e cativeiro. O exílio foi, indiscutivelmente, uma catástrofe Nacional, mas não deixou de trazer influências compensadoras. A sinagoga foi um dos seus maiores resultados” (Opcit, p.18). Isto, porque na volta a Jerusalém, as sinagogas são mantidas como local de estudo bíblico e ensino, produzindo assim grandes avivamentos como podemos ver em Neemias. Embora a sinagoga tenha sido profundamente útil em alguns momentos, com ela surgiu uma nova liderança religiosa, os escribas, já que os profetas caíram no ostracismo.
 Assim, a didática meramente transmissiva substituiu a pregação. Isto naturalmente foi ruim, pois os escribas, diferindo dos profetas, criaram um sistema rigoroso de tradição legalista – que Jesus condenou vigorosamente.(Ibid, p. 18)

Este sistema rigoroso de tradição legalista se mantém até os tempos bíblicos do Novo Testamento, quando se confrontará com a excelência do ministério de Jesus Cristo e seu modo estratégico de educar com um  programa de discipulado.
Desta forma, cabe destacar que durante toda a história do Antigo Testamento fica muito claro à forma séria e singular com que o povo de Deus tratava a educação e consequentemente o discipulado, que sempre foi visto como um processo profundamente pessoal e relacional e não institucional como acontece hoje.
1.2 A Responsabilidade da Educação no Novo Testamento
No Novo Testamento a essência do ensino religioso está na Grande Comissão (Mt 28:18-20). A palavra empregada por Jesus, por si só, agrega os valores do ensino: ensinar e aprender. Jesus não só ordena o ensino como também a observação da prática de seu ensino. Neste e em outro contexto Jesus mostra a importância da prática do ensino religioso na vida do cristão! (Jo 14.21). 
Ele entendia que, como mestre, era assim visto não somente em uma sala de aula, mas em todos os lugares e em todo o tempo ensinava com palavras e com sua vida (Lucas 20.1; Mateus 5.1 e 2). Deixa-nos o exemplo em seu testemunho, seu poder, seu preparo, sua dedicação, sua disposição, e seu amor para com seu ministério e alunos. Sua pedagogia até hoje não foi ultrapassada, partindo sempre da experiência própria e individual de seu ouvinte para a aplicação do ensino desejado (Jo 2.13-22; 4.1-30; 6; 7.37-44; 8.1-11; 9.39; 13; 15). (ARMSTRONG, 1994, P.48)

Jesus não só praticava com excelência o ministério de educação, como também procurava  enfatizar sua importância para o Cristianismo e a sociedade, fundamentando-a na relação interpessoal e transcultural que mantinha com seus alunos.
Jesus sempre sonhou com uma Igreja que fosse extremamente didática na transmissão dos seus ensinos, isto fica  explícito no programa de educação cristã que ele apresenta na Grande Comissão.
Neste programa, o fazer discípulo é o primeiro passo. A própria palavra discípulo significa aprendiz e, por conseguinte, invoca um processo educacional. Não existe melhor maneira de fazer discípulo do que ensinar a verdade fundamentada em Jesus. (SISEMORE, 1994, P. 20)

Observemos o chamado dos doze. Para que Jesus os chamou?  Ele não os chamou para uma reunião formal. Tão pouco os chamou para uma atividade religiosa.  Conforme Marcos 3.14, Jesus chamou os doze para estarem com ele e depois para os enviar a pregar. A sentença "para estarem com ele" define a estratégia básica de Jesus.  Cristo estava estabelecendo as primeiras juntas e ligamentos do corpo, entre ele e os apóstolos,  pois queria uma RELAÇÃO estreita com os seus discípulos para transmitir-lhes a sua vida pelo exemplo. Jesus não era um homem de púlpito. Não era um homem de mensagens elaboradas, nem de mensagens entusiasmadas. Jesus era um homem de RELACIONAMENTOS. Seus discípulos aprenderam tudo, VENDO,OUVINDO E FAZENDO.
         Os discípulos viam como Jesus se relacionava com os pobres, o que dizia para os ricos, como tratava os enfermos, como respondia aos hipócritas, como expulsava os demônios, o que fazia quando estava cansado, como reagia a uma tempestade no mar, como tratava as prostitutas, como reagia às mentiras e calúnias, como amava a Israel, como orava ao Pai, quando ria, quando chorava, quando esbravejava e derrubava mesas, quando era preso e até como morreu.
Assim, fica clarividente a forma séria e singular  com que Jesus lida com o ministério de educação.
nos evangelhos, Jesus é chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes, e nunca se fala nele como pregador [..] Fala-se em Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes; e onze apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando. (GEORGE, 1993, P. 67)

Portanto o Cristianismo foi orientado e sugestionado desde a sua formação, pelo próprio fundador, a encarar com muita responsabilidade o ministério do Ensino Religioso não só na Igreja como na sociedade, exigindo assim da igreja primitiva uma postura não só de formalidade, mas também  uma postura de informalidade, como podemos ver por exemplo na narrativa de atos  que diz “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.” At. 5.42, demonstrando que a igreja atuava não só no “templo” (ensino formal) mas  também de “casa em casa” (ensino informal).
A filosofia de ensino no Antigo Testamento, portanto, era o ensino religioso através da memorização e repetição de pai para filho. No Novo Testamento o ensino religioso passa a ser uma prática, o ensino deveria ser vivido por cada cristão.

1.3 Responsabilidade educativa na História da Igreja.
Mesmo após o período coberto pela narrativa Bíblica é possível perceber a importância do Ministério de Educação através da História da Igreja.

Do período pós-apostólico até a reforma - No período pós-apostólico a Igreja enfrentou grandes desafios à medida que avançava sobre o mundo Greco-Romano, segundo Michael Green estes desafios eram principalmente, dentre outra coisas, desafios religiosos, culturais, político e ético-morais. (GREEN, 1976, pp. 26-33) Portanto para vencerem este desafio o processo de ensino foi fundamental, à medida que a igreja ganhava mais gentios do que Judeus.
A primeira época da história da Igreja foi um era de crescimento. Esta época durou aproximadamente 300 anos. Um documento do primeiro século ou início do século II, que servia de instrução moral e doutrinária era a Didaché. Um grande destaque na Didaché era dado à vida prática, ou seja, a ética Cristã. (GEORGE, 1993, pp. 22-23)
Durante este período de suntuoso crescimento surgiram grandes Mestres, conhecidos como apologistas,  educadores que exerceram papel importante no ministério de educação Cristã. Dentre eles os principais foram Justino Mártir (100-165), que teve sua principal contribuição na ênfase filosófica que deu ao Cristianismo. Irineu de Roterdan (140-200), que teve sua maior contribuição à educação Cristã ao escrever contra o gnosticismo. Clemente de Alexandria (160-215), que fora profundamente influenciado pela filosofia Grega e teve sua maior contribuição à educação Cristã com sua obra Paidagogos e stromaites que é um trabalho de educação avançada. Tertuliano (160-220), que embora pensasse diferente quanto ao uso da filosofia nas discussões teológicas, talvez tenha deixado sua maior contribuição à educação na quantidade de escritos que deixou à igreja para ser usado por seus sucessores e teólogos de futuras gerações; Orígenes (185-254), este foi discípulo de Clemente de Alexandria. Suas produções Teológicas dominaram a erudição eclesiástica durante os séculos III e IV; Jerônimo (345-419), este “geralmente é reconhecido como o erudito  mais eminente entre os pais da Igreja” (HALL, p. 106), teve sua principal contribuição à educação Cristã na tradução latina das Escrituras a Vulgata, e na sua ênfase na igualdade do homem perante Deus, que abriu caminho para a futura adoção do princípio da educação universal; Agostinho de Hipona (354-430), Agostinho teve uma experiência de conversão dramática após ter vivido uma adolescência e juventude dissoluta, após sua conversão passou três anos de estudo solitário (386-389), escreveu muitas obras e suas principais contribuições à educação foram Educação Cristã e a Instrução para os não instruídos uma espécie de Manual de instrução para clérigos e leigos, a primeira obra composta de quatro tomos que foi usado por vários séculos como tratado clássico de Pedagogia.(ARMSTRONG, 1994, pp. 51-54)
Concomitantemente com os pais da Igreja surgiram instituições de grande valor para a Educação Cristã
 A princípio, a educação na Igreja Gentia tomou caráter semiformal, em classes conhecidas como escolas de catecúmenos. O catecúmeno era um novo convertido que precisava ser instruído em matéria de fé. (“catecúmeno” é derivado de uma palavra grega que significa instruir, fazer ruído ao ouvido, instrução rudimentar). As escolas de catecúmenos eram classes de aulas semiformais ministradas a tais pessoas, entre as quais filhos de crentes, Judeus adultos e gentios convertidos. Os mestres eram os bispos diáconos e subdiáconos [...] Este sistema alcançou seu ponto mais alto no quarto século, mas a partir de 450 começou o seu declínio. (ARMSTRONG, 1994, p. 46)

Outras instituições de singular importância neste período foram as Escolas Catequéticas, que surgiram da necessidade de se oferecer mais que uma instrução elementar, e também preparar e treinar os cristão no mesmo nível intelectual dos seus críticos.
 A primeira e mais famosa escola catequética foi a de Alexandria, no norte da África...Seu objetivo era utilizar o pensamento grego na interpretação das escrituras e no treinamento de líderes. Existiam também outras escolas desse tipo em Antioquia, Cesaréia, Edesa, Jerusalém, Cartago e outras cidades. Por sua função de treinar líderes, as escolas catequéticas foram às precursoras das atuais instituições de educação teológica. Foi nestas escolas que a fé e a doutrina cristã se estruturaram num sistema de pensamento. (Ibid, p. 53)

Outro sistema educacional estabelecido neste período mais especificamente por volta do ano 330 foi o Sistema Monástico, que surgiu devido o envolvimento da igreja com o estado, provocando desilusão em muita gente que achava que a Igreja e os cristãos deveriam se manter separados do mundo, como no início da sua história. Estas pessoas buscaram um meio de voltar a essa vida separada, para meditação e estudo pessoal. E assim ficaram conhecidas como monges.
“Nestas escolas ensinavam-se as crianças a ler. Para ter o que ler, os noviços copiavam os manuscritos da Igreja primitiva e obras da literatura romana antiga”. (Ibid, pp. 47-48) Desse modo as escolas monásticas deram sua maior contribuição para a educação na igreja, preservando a literatura bíblica, histórica e secular para a posteridade.
Embora a igreja tenha crescido bastante nos primeiros séculos o sistema educacional sofreu descontinuidade, houve  certo anacronismo e a partir do quarto século a educação cristã, como também a educação secular, entraram em decadência.
Neste período são raríssimas as exceções, como columbano da Irlanda e Bonifácio, apóstolos dos alemães que conseguiram tencionar uma contribuição significativa para o desenvolvimento da educação Cristã. No entanto, pelo menos, dois nomes podemos citar como destaque no período medieval: Alcuíno (735-804) educador responsável pelo treinamento do clero e do pessoal administrativo no reino de Carlos Magno.
Importância de Alcuíno para o estudo dos fundamentos históricos da educação cristã é que as reformas educacionais e eclesiásticas durante sua administração e o reino de Carlos Magno deram força à Igreja e à cultura para se manterem durante os anos de trevas que se seguiram. (Ibid, p. 54)

E o outro, Tomás de Aquino (1225-1274) que foi profundamente influenciado pelo movimento do escolasticismo em voga na sua época.
Tomas de Aquino, o escolástico mais importante, dedicou-se à tarefa de conciliar o pensamento de Aristóteles com os ensinamentos da Igreja. Queria harmonizar o Cristianismo com a ciência e a civilização. Quer dizer Tomas de Aquino tentou descobrir ou criar uma aliança entre a fé e a razão [...] O resultado do seu trabalho foi a Suma Teológica. Com Tomas de Aquino, o Escolasticismo deu ânimo ao estudo da Teologia e conservou o interesse nos assuntos intelectuais. (Ibid, p. 55)

Da reforma à fundação da Escola Dominical - No período que antecede a reforma, entre os séculos X a XII, alguns grupos exerceram uma significativa influência, “constituídos dos Valdenses e albigenses, que eram apologistas da separação” (ALMEIDA, 1992, p.18). Dos Valdenses surgiram pelo menos dois grandes mestres precursores da reforma John Wyclife (1330-1384) conhecido como “Estrela matutina da reforma” e John Huss (1372-1415), que inspirou fortemente a vida de Lutero. (Ibid, p. 60)
O período medieval foi o período em que a educação cristã foi mais negligenciada. Por isso, é também chamada período da ignorância ou era das trevas, no entanto no século XVI, Deus começou, novamente, a levantar grandes mestres para corrigir os desvios doutrinários e ensinar as escrituras. Este período ficou também conhecido como Era dos Reformadores.
Os reformadores abriram um debate sobre a autoridade docente e rejeitaram a autoridade do Magisterium, da monarquia papal, argumentando que ela usurpou prerrogativas que pertenciam somente a Cristo. (GEORGE, 1993, p.79)
Os reformadores deram uma contribuição significativa a história da Educação Cristã, homens como Lutero, Zwinglio, Calvino, Melancghithon, John Knox, foram verdadeiros interlocutores, de Deus, na história para valorização, prática e prossecução do ministério docente da Igreja do Senhor. Estes Homens dedicaram especial atenção ao preparo de livros de instrução religiosa, bem como fundaram instituições e reuniões destinadas a esse mister. Eles sabiam que o trabalho não consistia apenas em pregar, mas também em educar o povo. (GILBERTO, 1997, p. 107)
No século XVII, período que sucedeu aos primeiros movimentos da reforma, surgiram célebres educadores, dentro e fora do contexto da Igreja, que deixaram influências marcantes. Descartes, Locke, Spinoza são alguns deles, merecendo destaque João Comênio (1592 1670) cognanimado “profeta da educação moderna” que com uma perspectiva Pansofista, chegou a seguinte máxima: “Se todos os homens aprendessem todas as coisas, todos seriam sábios e o mundo se encheria de ordem, luz e paz.”(Ibid, p. 64)
Um movimento que se destacou neste período, pela contribuição ao ensino, foi o Pietismo.
O estudo deste movimento é importante, porque seus seguidores diziam haver ligação direta entre a Teologia e a educação. Para eles, o propósito da educação era honrar a Deus. Seus filhos foram ensinados observando o exemplo dos pais, vivendo segundo princípios cristãos em suas experiências cotidianas. (idem, p. 65)

Alguns membros do Pietismo, se destacaram como Nikolaus Ludwig Zinzendorf ( 1700-1760), que fundou colônias religiosas através da Europa. Suas colônias são tidas como precursoras da Escola Dominical.
Síntese Histórica da Escola Dominical - A Escola Dominical surgiu em um período em que a Educação Cristã e educação secular estavam praticamente desassociadas, por isso sem sombra de dúvidas ela se constitui num marco revolucionário no sistema de educação da Igreja. (Ibid, p. 82)
O movimento religioso que nos deu a Escola Dominical como a temos hoje, começou em 1780, na cidade de Gloucester, no sul da Inglaterra. O fundador foi o Jornalista evangélico (episcopal) Robert Raikes, de 44 anos, redator do “Glocester Journal”. Raikes foi inspirado a fundar a Escola Dominical ao sentir compaixão pelas crianças de sua cidade, perambulando pelas ruas entregues a delinquência , a ociosidade e ao vício[...] procurava as crianças em plena rua e em casa dos pais e as conduzia ao local de reunião fazendo-lhes apelos para que todos os domingos estivessem ali reunidas.(GILBERTO, 1997, p.114)
Inicialmente Raikes estabeleceu um período experimental de três anos e no dia 3 de novembro de 1783 publicou em seu jornal a transformação na vida de duas crianças. Até hoje, este dia é considerado o dia natalício da Escola Dominical. (Idem, p. 63)
Em apenas oito anos a Escola Dominical já havia alcançado a marca de 250 mil alunos matriculados, só na Inglaterra. Embora o movimento tenha encontrado bastante resistência e oposição no seu início, por fim, acabou sendo reconhecido pela rainha e cumpriu sua finalidade quando o parlamento inglês libertou as crianças das fábricas e tornou a Educação gratuita para todos. Daí por diante, a Escola Dominical cresceu sem parar como afirma Sherrom em sua obra igreja ensinadora.
Desde sua fundação, há mais de duzentos anos, o movimento da escola dominical tem exercido uma enorme influência sobre os ministério educacional das igrejas protestantes. Surgiram classes também para adultos. Expandiu-se para a América e dominou o desenvolvimento da educação Cristã nos Estados Unidos e foi trazida ao Brasil onde também floresceu e manteve as mesmas características de sua origem.(GEORGE, 1993, p. 83)

Portanto, a importância da EBD é indiscutível, ela é uma ferramenta extraordinária para equipar e educar os santos a viverem e a servirem o Mestre, logo ela não pode ser escondida ou negligenciada, pois como afirma o Pastor Antonio Gilberto: “A Escola Dominical, devidamente funcionando, é o povo do Senhor, no dia do Senhor, estudando a Palavra do Senhor, na casa do Senhor”.(GILBERTO, 1994, P. 28).

  Conclusão
Estamos vivendo dias difíceis conforme previsto pelo apóstolo Paulo (2 Tm 3.1), onde a educação secular se processa a partir de uma mentalidade dominada pela secularização, filosofias e métodos anticristãos, agnósticos ou ateístas. Neste contexto  são grandes as oportunidades, mas também as tensões e os desafios, impostos pela sociedade influenciada por esses movimentos.
Por isso a pior denúncia que se pode fazer às Igrejas da pós-modernidade  é a de que abandonaram o ideal  proposto pelo mestre por excelência, JESUS CRISTO, e se renderam ao consumismo, oferecendo um evangelho utilitarista, onde Deus está a serviço do Homem, quando deve ser o inverso, o homem a serviço de Deus. As igrejas da pós-modernidade aboliram definitivamente a EBD,  esta organização tão importante para o crescimento e amadurecimento do povo de Deus, abandonado sua herança histórica nesta área. Infelizmente isto ocorre por causa do interesse pragmático que privilegia o crescimento numérico em detrimento a qualidade de vida cristã. A educação é considerada dispensável em muitas comunidades. Mas em tempo, saliento  as palavras de Hendricks que dizA denominação evangélica que não educa, deixa de existir como Igreja do Novo Testamento. Para que o Cristianismo seja perpetuado, precisa ser propagado” (HENDRICKS, 1994, p. 18) . Então, se é verdade que certos modelos tradicionais, como a EBD,  necessitam de mudanças, também é verdade que as novas alternativas que estão sendo propostas precisam preservar as contribuições válidas do passado. Logo, não tenho dúvidas A NOVA EBD, É A EBD DE SEMPRE!




*
                                                   *(Tetragrama sagrado que representa o nome de Deus, no Antigo Testamento)

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